domingo, 21 de dezembro de 2003

Tecla Undo

Eu fui convidado para três casamentos, que aconteceram neste fim de semana. Por ordem cronológica de convite: o da irmã da Estela, o de um dos meus melhores amigos (veja o site ConnAction. É a empresa dele) e o da minha prima. Os dois primeiros foram no Rio, o dela foi em Itu. Acabei escolhendo ir ao da minha prima. Dois motivos principais foram aquela velha história de família, blablablá e a vontade de reaproximar dos meus tios, depois de diversos mal entendidos. Não podia ter escolhido pior.

O casamento do Pistilli foi ótimo. Três bandas tocaram, tudo estava animado. A Estela fez tudo o que eu queria estar por perto, quando ela fizesse. Eu só conseguia pensar nela, lá. A festa em Itu estava tão chata que eu fui dormir à meia-noite! O pessoal do Rio chegou em casa às 5h!!! E a tal reaproximação? Agora, prefiro que continuem lá! Não gostei nada de como as coisas aconteceram. Se não queriam a família lá, podiam ter dito, oras.

Na volta, só remorso e raiva da festa que eu fui. Quando cheguei em casa, Estela contou como foi bom. Quando encontrei com ela, mais coisas boas para contar. E eu? Nada.

Comemos um cachorro quente. Quer dizer, eu só comi meio, já que a outra metade caiu na minha roupa. "O horóscopo disse para eu ficar em casa no fim-de-semana", pensei alto. Aquilo parecia ser a cereja do meu sundae azedo. Que nada! Ainda tinha chuva no caminho de volta para casa.

Eu odiei meu fim-de-semana. Cada hora, desde sexta-feira. Eu odiei a escolha que eu fiz. Pena que a vida não tem tecla undo...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

Estou ouvindo Geraldo Azevedo, sentindo o cheiro da chuva que vai cair. Estou planejando ir para Ilha Grande em poucos dias, com a minha namorada, pensando em uma música para fazer. Estou escrevendo no meu blog. De repente vieram tantas coisas boas ao mesmo tempo!

Fiz uma retrospectiva deste ano e vi como eu quase abandonei a vida que eu amo. Como as coisas mudaram desde meados de janeiro. Quem eu era nessa época do ano passado e quem eu sou hoje. Nem melhor, nem pior, mas tão imensamente diferente!

Às vezes eu me sinto bem com isso. Outras, tenho medo, muito medo.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2003

Aliás, tenho sentido saudades da Carol. Espero que quando ela volte da caserna esteja lutando igual a Trinity (no primeiro filme, que nos dois últimos está horrível!).

Enquanto isso, no telefone de Jerusalém:

Ariel Sharon: Vocês ainda têm concreto aí?

Gerhard Schröder: Peraí! Acho que sobrou do muro de Berlin...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2003

Tem dias que a gente se sente...

You've got mail

Para que servem os cartões postais? Alguém se desloca daqui para outra cidade e te manda uma foto tirada por sei-lá-quem, comprada numa banca de jornal e te manda pelo correio. A mensagem é sempre a mesma: "lembrei de você", com essas ou outras palavras. Será?

Quando eu lembro de alguém, procuro alguma coisa que tenha a ver com essa pessoa. Não necessariamente compro nada para ela. Eu adoro pedras. Se alguém lembrar de mim em Tintagel, como, aliás, já aconteceu, basta agachar, pegar uma pedra no chão e me trazer. A alfândega nem vai reclamar.

Eu gosto de histórias e de gente. Fotografias, em geral, trazem as duas coisas. São mais pessoais. "Aqui, o Paulinho se arrebentou", "atrás dessa pedra foi que a gente apertou um baseado", "depois dessa casa é que vinha a cachoeira". E por aí vai. Isso é bonito, isso é tocante. Foto de dia feio, do carro atolado... Isso tem história. E é história de gente que eu conheço.

Numa viagem, é comum a gente ver alguma coisa que lembra uma pessoa que a gente deixou na nossa cidade. É só fazer alguma coisa íntima, alguma coisa pessoal e mostrar que lembrou de verdade dessa pessoa. Ou não, nem faz. Basta saber que lembrou. Isso tem muito mais significado, é muito mais bonito.

quarta-feira, 12 de novembro de 2003

Estou voltando de um coquetel da minha antiga empresa. Nossa, como eu já estive com gente importante. Sou tão mais feliz hoje em dia!!

Mas descobri que temos um blog, que eu vou ter que conhecer: priceanos.blogspot.com.

domingo, 2 de novembro de 2003

Vale lembrar: estou no meu inferno astral. Dias piores virão!

Balanço do fim de semana. Sexta, fui beber com os amigos e a namorada. Como de costume, falei demais e a namorada não gostou. Preciso me acostumar com a idéia de que a Estela não é mais uma "amiga". É namorada. Tenho que medir as coisas que eu digo na frente dela. Faz um ano e a cumplicidade é tamanha que eu vivo me esquecendo.

Além disso, mergulhei, tomei chuva e passeei com a minha filha no aniversário dela.

E você? O que fez?

domingo, 26 de outubro de 2003

Enquanto Estela está fora...

O argentininho fala com seu pai:
- Papa, quando yo crescer yo quiero ser como usted.
- E por que, mi hijo?! - pergunta o orgulhoso portenho.
- Para tener un hijo como yo.
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Por que há tantos partos prematuros na Argentina?
- Nem as mães agüentam um argentino por 9 meses!
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Notícia no principal telejornal argentino: "Uruguai e Argentina empataram hoy el jogo por la Copa América: zero gols para el Uruguai e ZERO GOLAÇOS
para la Argentina!"
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Por que não há terremotos na Argentina?
- Porque nem a terra os engole...
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O que dá a mistura de um argentino com um paraíba?
- Um porteiro que se acha o dono do prédio!
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O presidente argentino, em visita oficial ao Brasil, iria conhecer uma
escola de Brasília. E o diretor da escola foi preparar seus alunos para
receberem bem a importante visita:
Vocês devem ser educados com o senhor Nestor Kirchner. Joãozinho, eu vou
perguntar a você o que é a Argentina para nós. E você responderá que a Argentina é um país amigo.
- Não, diretor! A Argentina é um país irmão.
- Muito bem, Joãozinho. Mas não precisa de tanto. Diga apenas que a
Argentina é um país amigo.
- Não é não, a Argentina é um país irmão!
- Tá bom, Joãozinho. Porque você acha que a Argentina é um país irmão, e não
um país amigo?
- Porque amigo a gente pode escolher!
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A filha chega em casa aos prantos e diz para a mãe:
- Mãe, mãe, fui violentada por um argentino!
- Mas... como você sabe que era um argentino?
- Ele me fez agradecer.
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Qual a diferença entre os argentinos e os terroristas?
- Os terroristas têm simpatizantes.
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Qual é a semelhança entre um argentino humilde e o Super-Homem?
- Nenhum dos dois existe.
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O que é o ego?
O pequeno argentino que vive dentro de cada um de nós.
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Espero que Estela tenha curtido a noite do Tango Mio. A minha noite foi ótima! Fiquei assistindo Ali (excelente trilha sonora) e comendo castanha de caju.

Essa liberdade no fim-de-semana me mata!!

sexta-feira, 24 de outubro de 2003

Minha namorada foi passar o fim-de-semana fora. Viajou com o pai e a namorada dele para Buenos Aires. Isso me dá uma sensação de liberdade... Horrosa. Hoje é o primeiro dia e eu estou esperando para ouvir a voz dela. Odeio sentir saudades.

Bom, só nos resta esperar até segunda.

quinta-feira, 16 de outubro de 2003

Estou gripado. Mau humor, pálpebras pesando uma tonelada cada, nariz entupido. Enfim, o mundo contra mim e eu contra o mundo. Eu estou no primeiro dia do resfriado. É a fase conhecida nos meios médicos como "eu preferia estar morto".

E no fim de semana tenho que dar aula em Miguel Pereira. Aliás, vou comemorar meu primeiro ano de namoro lá e é feriado na segunda para a minha categoria. Bom...

terça-feira, 14 de outubro de 2003

American Way of Life

Ontem, eu vi um anúncio no jornal. Dizia, em mal português e mal espanhol, que uma empresa americana buscava profissionais brasileiros que falassem espanhol. A remuneração era entre US$ 800 e US$ 2.000 e o horário era parcial, ou integral. Achei graça, fiquei curioso. Talvez fosse algo sério, talvez piada. Estela até ensaiou o diálogo:

"-Dói?
-Não.
-Então eu aceito."

Não era bem assim. Eu esperava que tivesse algo a ver com coisa séria. Talvez alguma empresa nova, investindo pesado em profissionais de todas as áreas. Quando liguei para o telefone, descobri que tinha que estar às 18:45h no Largo do Machado. A moça que me atendeu tinha forte sotaque estrangeiro. Pronto! Agora eu não queria nada com essa empresa. Estava tudo muito secreto, muito esquisito. Resolvi ir, só porque achava que ia flagrar algum descaso com a legislação trabalhista/ambiental/civil/previdenciária brasileira.

Cheguei lá e quase não contive o riso: Herbalife. Herbalife! Eles estavam contratando vendedores. "Quer emagrecer? Pergunte-me como". Quase perguntei: "como?" Mas parei e fiquei olhando. Fomos todos recebidos com uma música chata (aliás, deve ser a única) da Natalie Imbruglia. Depois, várias pessoas disseram há quanto tempo usam Herbalife e como isso mudou suas vidas e perfis. A seguir, outras pessoas disseram como estão ganhando muito dinheiro vendendo o pozinho do piriri.

O sistema é simples. Você compra um kit do produto e vende. Eles te dão cursos de marketing. Você pode montar uma equipe de vendedores e ganhar em cima da produção deles. Tem gente que garante estar fazendo muito dinheiro com isso. Acredito. Tem gente que diz que o produto realmente apresenta resultados e que não tem contra indicação. Acredito. Afinal, como disse um deles, eles estão em 59 países. São 59 ministérios do trabalho e 59 ministérios da saúde. Não deve ser ilegal.

Mas eu não posso vender um produto em que eu não acredito. Não é que eu não acredite nos resultados. Eu não acredito no produto. O troço foi inventado por um sei-lá-o-que Hughes, americano. Ficou órfão de mãe, quando ela, atriz de róli-údi tomou uma overdose de remédios para emagrecer. Chocado com o culto ao corpo, estudou e, em 1980, lançou o Herbalife. Totalmente natural.

O sujeito arranjou um jeito de ficar rico às custas da mãe! Mais que isso, está fomentando a mesma indústria que o fez órfão. Lá, ninguém falou sobre o produto. Ninguém tentou defender por mais que 5 minutos os seus resultados. Por meia-hora, todos disseram: isso dá dinheiro. "Eu fiquei rico em menos de um ano", "eu levantei minha empresa". Sempre assim. Ganhe, faça dinheiro. Tenha seu carro importado. Ninguém quer saber o que vender. Só quer vender.

Não consigo entender isso. Tenho sonhos de consumo. Tenho um padrão de vida relativamente caro e gostaria que fosse ainda mais caro. Mas não consigo ter toda essa ambição. É tão difícil assim esperar pelas coisas? É tão necessário ter tudo agora junto? Mais ainda: como é que eu consigo acreditar nos resultados de uma mercadoria, mas não consigo acreditar na mercadoria em si? Serei eu o único a enxergar a diferença?

Faltou mencionar: tenho um novo projeto de música. Estou tocando todas as quintas-feiras no Gioconda, um café na galeria da Livraria Leonardo da Vinci. Se você mora no Rio e conhece a livraria, vale dar um alô. A música é difícil de descrever. O estilo mistura Madredeus com Cantorias, mas o repertório é MPB, além de algumas peças minhas. Não paga nada para ouvir, estar lá ou qualquer coisa. Só paga o que consumir.

Se você não conhece o lugar, não precisa ir. Provavelmente não vai gostar.

Quem eu queria que pudesse ir é a Carol. Ela ia gostar e eu também. Minas fica tão longe, às vezes. Espero que ela se recupere dessa vida de caserna.

segunda-feira, 13 de outubro de 2003

Minha namorada mandou fotos da Danielle Winnits. Isso sim é autruismo!!

Nossa! Esse blog ainda existe!!!

Fazia tempo que eu não vinha aqui. Quanta teia de aranha, morcego, bichos nojentos!

Estela mandou dizer que minha ausência se deu por conta de noites intermináveis de sexo selvagem. Ela deve desmentir isso porque é tímida, mas vocês nos conhecem.

Bom, vamos ao que interessa: estou em uma nova ONG. A Direito de Saber, cujo site está linkado ao lado. A proposta é corajosa: desenvolvimento social através da educação para a cidadania. Em outras palavras, a intenção é ensinar às pessoas os direitos elas têm. O conhecimento da cidadania. É tanta coisa e é tão simples que eu fico chocado como isso não nos foi ensinado na escola...

O resultado, vou contar mais tarde, quando os tiver.

sábado, 30 de agosto de 2003

Comentário atrasado: atendendo aos votos da maioria, Quintino está gordo!

Agora fica vesgo, Quin!

quarta-feira, 20 de agosto de 2003

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Preâmbulo

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;

Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do Homen conduziram a actos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do Homem;

Considerando que é essencial a proteção dos direitos do Homem através de um regime de direito, para que o Homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão;

Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;

Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do Homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declaram resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla;

Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efectivo dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais;

Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta importância para dar plena satisfação a tal compromisso:

A Assembléia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos

como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os orgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efectivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.

Artigo 1°
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2°
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.

Artigo 3°
Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4°
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.

Artigo 5°
Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

Artigo 6°
Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade jurídica.

Artigo 7°
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8°
Toda a pessoa direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.

Artigo 9°
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10°
Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.

Artigo 11°
1. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
2. Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o acto delituoso foi cometido.

Artigo 12°
Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei.

Artigo 13°
1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado.
2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.

Artigo 14°
1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países.
2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 15°
1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo 16°
1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.
2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.
3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado.

Artigo 17°
1. Toda a pessoa, individual ou colectiva, tem direito à propriedade.
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.

Artigo 18°
Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.

Artigo 19°
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.

Artigo 20°
1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21°
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios, públicos do seu país, quer directamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país.
3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.

Artigo 22°
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país.

Artigo 23°
1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego.
2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social.
4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses.

Artigo 24°
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e as férias periódicas pagas.

Artigo 25°
1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma protecção social.

Artigo 26°
1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escholher o género de educação a dar aos filhos.

Artigo 27°
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.
2. Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.

Artigo 28°
Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração.

Artigo 29°
1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.
2. No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.
3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente e aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 30°
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.

terça-feira, 19 de agosto de 2003

Imunidade Diplomática

Estatui o Artigo 14 da Seção IV da Convenção sobre Funcionários Diplomáticos de Havana, assinada em 1928 que estes serão invioláveis na sua pessoa, residência particular ou oficial e bens. A mesma Convenção ressalta que funcionários como os da ONU (na época este organismo ainda não existia) são considerados diplomatas. Em outras palavras, os funcionários de organismo internacional gozam das mesmas imunidades dos diplomatas.

Brasileiros são internacionalmente reputados como hospitaleiros e pacíficos. Isso faz de nós um povo com inquestionável vocação diplomática. Nossa escola de formação de diplomatas, o Instituto Rio Branco, é mundialmente conhecido como centro de excelência. Os cariocas, bairrismos a parte, são o maior símbolo desse comportamento. Não quero ofender os nascidos em outros Estados, mas quando pensam em Brasil, os estrangeiros ainda pensam no riso fácil dos cariocas, antes da capoeira da Bahia ou negócios em São Paulo. O Rio ainda tem essa aura.

Sérgio Vieira de Mello personificava tudo isso. Ele era carioca, portanto, brasileiro. Diplomata, funcionário de carreira da ONU. Como a maioria já deve ter ouvido falar, foi morto hoje, 19 de agosto, em Bagdad, em um atentado terrorista. Por motivos pessoais, estou transtornado com o desaparecimento dessa autoridade em Direitos Humanos. Por outros motivos, estou preocupado. Sua morte faz pensar.

Brasileiros sempre se consideraram imunes aos conflitos armados externos. Das três guerras em que tomamos parte, saímos vitoriosos em duas. O terrorismo sempre passou ao largo das nossas fronteiras. Aliás, gabamo-nos de ser o território em que árabes e judeus vêm se encontrar para uma cerveja. Quem duvida, que passeie pelas ruas da Sociedade de Antigos Amigos da Rua da Alfândega, conhecida como SAARA, aqui no Rio.

Usando uma racionalidade que apenas disfarça nossa discontração, dizemos que os radicais árabes dificilmente praticariam atos terroristas no Brasil porque este é um país em que podem se exilar com facilidade. Se eles realmente pensam assim, têm razão. Ou tinham.

A América parece estar entrando no cenário global. As duas Grandes Guerras da História tiveram a Europa como palco. Sempre nos achamos a uma distância confortável de toda aquela quizumba. De repente, aviões derrubam prédios em NY e um alto funcionário da ONU brasileiro é assassinado. Finalmente estamos tocando a sujeira do chão onde pisamos. Antes, mandávamos tropas para fazer guerra por lá. Parece que a guerra está chegando.

Ainda em choque com a morte de Vieira de Mello, eu disse que os terroristas não sabiam quem eles tinham matado. Agora, discordo de mim mesmo. Acho que sabiam. Souberam ferir profundamente. Brasileiros envolvidos em assuntos internacionais estão consternados, organismos internacionais lamentam, a reforma do Iraque está em cheque. Conseguiram desestabilizar a garantia de uma democracia árabe. Um golpe sujo e covarde, mas de efeitos precisos: garantiram seus próprios interesses.

Qualquer atitude que a ONU tome poderá ser considerada intempestiva. Qualquer atitude do Governo Brasileiro pode ser entendida como represália. Hábeis esses terroristas! Talvez consigam, realmente, comprometer os diálogos de paz.

E nós? Será que o Brasil quer brincar de gente grande? Estaremos preparados para os bônus e os ônus? Sérgio Vieira de Mello esperaria que sim. Eu também.