domingo, 29 de dezembro de 2002

Hoje, eu estou prolixo. É o que dá não me deixarem dormir...

Acabo de criar um novo link no meu blog. É para o blog do Quintino. Eu já venho lendo esse blog faz um tempo. Acontece que ele é o melhor amigo da Estela. Como eu não o conhecia, ainda, seria uma enorme buchice linkar o blog do cara, parecendo que estava tentando uma política de boas vizinhanças.

Agora, conheci o sujeito. É gente boa. Portanto, façam uma visitinha. Ele não escreve muito, mas vale esperar pelas novidades.

Aos cinéfilos, a dica: o melhor filme de terror que eu já vi foi A Espinha do Diabo (El Espinazo del Diablo - Espanha, 2001). Está rolando no Telecine, agora. Eu, que não gosto do gênero, acho este filme imperdível.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2002

Isso aí. Estou de volta, depois de uma generosa visita de Papai Noel.

Quintino tem me desmoralizado. Pô! Que vacilo...

terça-feira, 24 de dezembro de 2002

Imagina que você tem um daqueles quebra-cabeças de 8 mil peças. Aí, você monta 4 mil de um lado. Ao mesmo tempo, monta 4 mil de outro. Você terá dois grandes quebra-cabeças, um de cada lado.

Agora, imagine que você junta as duas partes/metades do quebra-cabeça, encaixando peça por peça, ao longo da vertical dele.

Se você for capaz de imaginar isso, é capaz de imaginar aquilo que somos eu e Estela.

Minha namorada acha que o céu é um sofá bem grande. Eu discordo. Acho que é um chão, pra gente se espichar. Em cima do chão, tem um sonzinho, pra gente escutar.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

Pedro vai cortar o cabelo

Esbaforido, eu passo em frente a um salão e vejo que ele está 25% mais barato que os outros em volta. Meu cabelo é ruim, então o corte também pode ser ruim, certo? Acontece que eu estava morrendo de pressa. Então, entro e peço para reservar um horário. A atendente responde que tem como fazer na hora. "Mesmo? Eu tenho que estar livre em meia hora", eu me certifico. "Claro, senhor", é a resposta.

Lá vou eu. Sento numa das cadeiras e espero vir o sujeito que vai encurtar meus pelos. É uma loiraça, de 1,80m de altura. Olha para mim e diz para acompanhá-la, para lavar o cabelo. Eu tremi nas bases. Eu sempre durmo nessa parte. Mexer na minha cabeça é me fazer dormir. Eu já dormi com um negão 3x4 lavando meu cabelo no salão ali do lado. Já até dormi na cadeira do dentista! Sim, mexer em q.u.a.l.q.u.e.r parte da minha cabeça me dá sono. Imagina se fosse aquela loira. O que ela ia pensar de mim? Eu tenho namorada, ora!

Aliás, assim que bati os olhos nela, percebi que tínhamos algo em comum: as raízes negras. E lá deitei eu naquela espécie de pia que eles têm nos salões. "Água fria, morna ou quente?". Naquele calorão, sempre gelada! É bom, que refresca a cabeça e as idéias. Vai molhando o cabelo. Ela enche a mão de xampu e começa a passar pela minha cabeça. Que tristeza. O pior cafuné do planeta. Acho que ela não gostava de cabelo, sei lá. Sei que foi a primeira vez na vida em que eu nem bocejei lavando a cabeça. Sim, eu bocejo até quando sou eu mesmo lavando a minha cabeça.

Já não se fazem mais loiraças como antigamente. Inda bem que eu tenho a minha morena. Aquilo sim é cafuné.

Importante lembrar: se você gosta de algum dos posts, se não gosta, se discorda, se concorda, se nada, muito pelo contrário, se você é apático, se é simpático, antipático, ou hepático, se acha que sim, se acha que não, se acha que depende, ou não acha, se isso, se aquilo,

COMENTE!!!!!!!

Ao Villas-Boas

Quem me conheceu no início do curso de Direito, sabia que o que eu mais queria fazer, naquela época, era diplomacia. Por causa dessa intenção, eu conheci uns nomes desde cedo. Esta semana, dois desses nomes partiram para o Oriente Eterno. Um foi Evandro Lins e Silva, antecedido por Orlando Villas-Boas. Ambos tinham muito a ensinar ao mundo da diplomacia. Curiosamente, cada um em um ângulo simetricamente oposto ao outro.

Os que me conhecem atualmente, sabem que eu sou um estudante de Direito muito relapso. Então, não vou fingir que estou mais comovido com Lins e Silva que com Villas-Boas. Quem quiser saber mais sobre Lins e Silva, pode ler um interessantíssimo artigo no blog da Estela. Eu sinto muito mais saudades de Orlando Villas-Boas.

Orlando e seu irmão, Claudio, decidiram lançar os braços da diplomacia para um país muito mais interessante do que qualquer outro: aquele onde nasceram. Decidiram lançar-se ao interior, buscando comunicação com gente que não falava nenhum idioma conhecido nas geografias de Henfil: o sulmaravilha e a Caatinga. Ou algum leitor saber responder à pergunta: nhe'enga Tupi? Pois eles sabiam. E decidiram aprender muito mais do que isso.

Decidiram levar aos povos isolados do Mato Grosso e da Amazônia as comodidades do mundo branco. Decidiram trazer aos mundo branco o universo que existia em sua própria esquina. Uma tarefa nada simples.

Tempos atrás, eu iniciei uma difícil pesquisa sobre a mitologia indígena brasileira pré-cabrália. Precisei de um livro de Orlando Villas-Boas. Fiquei maravilhado com a escrita. Ele possuía um estilo muito próprio. Era erudito, ao mesmo tempo que claro. Inteligente, ao mesmo tempo que direto. Não era redação de quem havia vivido a vida inteira no mato, comendo cobras com os nativos. Nem era literatura acadêmica, de quem havia passado a vida inteira trancado numa biblioteca, vendo índios pelas fotos do Mal. Rondon. Não. Era linguagem de quem tinha que se comunicar, a todo custo.

Recomendo a todos os meus leitores algum livro de Orlando Villas-Boas. Quem quer que queira saber o que é comunicação deve saber escrever e falar como ele. Esqueçam Chatô, nem pensem em Abelardo Barbosa. O maior comunicador que já pude encontrar faleceu faz menos tempo que isso. E também o grande diplomata. Não vejo glória maior que estabelecer embaixadas onde ninguém faz comércio, onde não há interesse no lucro. Só no Brasil.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

Então, eu não posso me dar uma semana de namorico e folga que a trupe vem pedir para eu voltar a escrever? O que é isso? Estão querendo encher a minha bola! Tem até gente da caatinga me mandando e-mail, cobrando notícias. Tem gente do sulmaravilha que veio dizer que o meu blog era o mais inteligente de um oceano. Claro! Peixe não bloga! E a razão para isso é simples: eles não têm polegares opositores. Se tivessem, garanto que qualquer celacanto teria mais a dizer que eu.

Vai ver se eu tenho blog com nome em latim; vai ver se eu escrevo estrelismos por aí. Ou se sou um poeta, co-autor do meu próprio blog. Que nada. Isso não acontece por aqui. Sou só um cara que decide escrever esporadicamente. Só se der na telha. Ainda se tivesse coisa inteligente a dizer...

Então, turma, não desanimem. Sejam pacientes. Sempre que eu tiver uma dor de cabeça e disso surgir algo brilhante, eu escrevo!

Dica da semana: sua coluna será muito mais sua amiga se você não tirar a sesta no ônibus.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2002

Hoje foi dia de comprar presente de aniversário para a sogra. Comprei nada, já que fui proibido de sequer mandar um beijo de parabéns. Só fiz dar pitaco. Espero que os créditos sejam dados apenas na hipótese de ter sido um bom presente!

Quem não gosta de Ferreira Gullar?

Quanto ao último post, devo alguns comentários e explicações. Antes, o comentário: quero agradecer a todos pelos comments. Fazia tempo eu vinha me sentindo abandonado pelos meus leitores.

Explicações: não quis dizer que a crônica acabou. Não. Acho que ela está minguando das páginas. Acho que ela, lamentavelmente, vai acabar.

Mas tudo bem. Tudo passa, tudo acaba, tudo morre. Até o Orlando Villas-Boas. Vai deixar saudades. Se tiverem a oportunidade, encontrem algo dele para ler. Ele sabia escrever muito bem!

Crônica metalingüística

Dia desses, lá estou eu, sentado numa mesa do Bistrô do Paço, onde gosto de passar meus fins de tarde com a minha namorada, eis que surge Carol. A mesma que está "linkada" aí do lado. A mesma que é minha amiga há mais tempo do que contam os anos. Ela trabalha ali. Então, é comum nós três tomarmos um chocolate juntos. Poucas coisas são tão boas quanto dividir a mesa com duas mulheres. Ok, alguns dirão que dividir a cama, mas a minha namorada lê este blog e eu tenho que me comportar.

Bem, voltando ao tal dia, Carol me fala uma daquelas frases que só ela consegue elaborar: "tem gente que escreve como fala [e fez uma careta meio blasé]. Você é o oposto: fala como escreve. E eu gosto da maneira como você escreve". Não fosse este último complemento, eu estaria até agora tentando entender a frase. Ainda acho que ela me chamou de antiquado, mas vou tocando...

Ontem, eu estava conversando com uma amiga capixaba. Ela vai escrever um livro. É a Renata, que também está "linkada" aí na lateral. E vem me cobrar: "quando você vai publicar essas coisas que você bloga?" Ela gosta de ler crônicas e o meu blog é um reduto de crônicas. Eu gosto desse estilo. Rápido, dinâmico e desinteressado interessante de escrever. Acho que tem tudo a ver com a nova comunicação. Nada de longos romances. Curtas crônicas.

Essas conversas me levara a duas constatações. Em primeiro lugar, como as crônicas sumiram do mercado. Não se vê mais um relato curto do quotidiano como se via antigamente. Nas revistas, jornais, internet, o que se vê são comentários sobre a última arbitrariedade do governo Bush, o vexame internacional da América Latina, os extertores do governo FHC e as enrolações do de Lula. Nada mais daquele Amor por entre o Verde, do Vinícius de Moraes. Não se permite mais que alguém Escolha seu Sonho, como Cecília Meireles.

Os livros de crônicas encontrados nas prateleiras são bem aventuradas reedições do passado. O último grande cronista está comemorando 100 anos este ano e ganhou estátua na praia. Isso leva a uma segunda reflexão: será a crônica um estilo morto? Fadado à memória tacanha das aulas de Literatura Brasileira do segundo grau? Nada de errado nisso. É para isso que é um estilo. Eles vêm e vão. Como escrever sonetos virou coisa do passado. Por que razão morreria a crônica?

Acho que a resposta está no início desta crônica, aqui. É um estilo rápido, fácil, raso. Perfeitamente antenado com a contemporaneidade. Uma contemporaneidade rasa, fácil, rápida, quase sem estilo. Qualquer um que aprecie boa leitura prefere fugir da mesmície dos jornais. Todos viramos contestadores e rendemos loas aos longos romances. Aos mais curtos, mas densos contos.

Não importa. O importante é ler.

terça-feira, 10 de dezembro de 2002

Arte de amar
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
(Manuel Bandeira)


Friozim bom prum início de verão, né não?

Hoje, eu aprendi uma expressão nova: silêncio mental. Vou usar e abusar dela!

Mas pago royalties. Obrigado, Carol!!!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2002

Uma das minhas favoritas de John Lennon.

Mind Games

We're playing those mind games together,
pushing the barriers, planting seeds.
Playing the mind guerrila
chanting the mantra, peace on earth.
We all been playing those mind games forever,
some kinda druid dudes, lifting the veil.
Doing the mind guerilla,
some call it magic, the search for the grail.

Love is the answer, and you know that's for sure.
Love is a flower, you gotta let it you gotta let it grow.

So keep on playing those mind games together,
faith in the future outta the now.
You just can't beat all those mind guerilla,
absolute elsewhere in the stones of your mind.
Yeah, we're playing those mind games forever,
projecting our images in space and in time.

Yes is the answer and you know that's for sure.
Yes is surrender you gotta let it you gotta let it go.

So keep on playing those mind games together,
doing the ritual dance in the sun.
Millions of mind guerillas,
putting their soul power to the Karmic wheel.
Keep on playing those mind games forever,
raising the spirits of peace and love.

Love.
I want you to make love, not war,
I know you've heard it before....

Mais ou menos 2.006 anos atrás, Deus olhou para baixo, viu sua gente. Viu que as coisas não iam bem e pensou em terminar com tudo por aqui. Antes disso, Ele resolveu dar uma chance e enviou seu filho. Sua missão? Salvar a Humanidade do pecado e do mal. Até que deu em alguma coisa. Ajudou um pouco.

Só que não foi definitivo. Lá pelas tantas, nós estragamos tudo de novo. Mandamos tudo pelos ares e voltamos a cobiçar a mulher do próximo e xingar os nossos pais. Deus, então, coçou o queixo coberto pela barba branca e decidiu enviar mais alguém. Outra pessoa que pudesse nos lembrar de que a paz é a meta e que somos todos irmãos.

Ele mandou um inglesinho nascer em 1940 e rebolar a bunda tocando rock. E veio John Lennon.

Há exatos 22 anos, Mark Chapman baleou o cantor 5 vezes, em frente ao edifício onde ele morava. Eu comemoro algo um tanto diferente, nessa data. Foi quando eu virei fã dele e dos Beatles. Lembro que, quando soubemos da morte dele, minha mãe traduziu Imagine e algumas letras de músicas dos Beatles e eu vi que eram bárbaras. E comecei a gostar.

Então, que descanse em paz. Ele merece.

domingo, 8 de dezembro de 2002

Ontem, lá vou eu para a festa na casa de um amigo meu. Ficamos na varanda, vendo os carros e a movimentação lá embaixo. Não sei como a antiga Psicose (atual Virtual Game Dance) ainda enche. Tijucano não tem parâmetro, mesmo.

Pois bem, lá estamos eu, meu amigo e a namorada dele olhando mudos lá para baixo. Eis que surge e pára no sinal uma Land Rover verde escuro, com teto solar, quatro portas modelo Defender, com placas de aço mais grossas. Linda! Ficamos eu e meu amigo babando.

É quando tem lugar o seguinte diálogo:

- Vocês podiam, ao menos disfarçar, né? - reclama a namorada do meu amigo.
- Mas é linda - eu respondo.
- É mesmo - ele arremata.
- Só porque ela é loira - ela reclama de novo.

Aí, nós não entendemos. Como um carro pode ser loiro. Naquele pequeno espaço de tempo, em que a gente vai tentando entender o que se passa, nós vimos uma menina muito gatinha encostada num carro perto do jipe. Que vergonha. Ficamos olhando o carro e esquecemos da menina... E ela era bonita, mesmo.

Homens!

Surrealismos suburbanos

Tem coisas que só acontecem na roça. Outras, só acontecem no subúrbio. Nunca vi disso. Esta noite, o carro da minha vizinha foi assaltado. Levaram o vidro da frente. Nada mais.

Vai entender...

Pobreza é uma tristeza.

Domingo, lá vou eu, de manhã e de sandália fazer as compras no Extra. Volto, mãe preparando o almoço e eu preparo uma caipirinha. Abri a caixa de CDs e fui buscar um que combinasse. Perfeito: um duplo do Paulinho da Viola.

Se o dia continuar assim, mais tarde vou à praia de Ramos...

Pobreza é uma tristeza.

Domingo, lá vou eu, de manhã e de sandália fazer as compras no Extra. Volto, mãe preparando o almoço e eu preparo uma caipirinha. Abri a caixa de CDs e fui buscar um que combinasse. Perfeito: um duplo do Paulinho da Viola.

Se o dia continuar assim, mais tarde vou à praia de Ramos...

terça-feira, 3 de dezembro de 2002

.:Pequena declaração pública de amor:.

Todo dia, de manhã, eu abro os olhos e olho para o meu lado. Falta alguém. Minha cama é de solteiro e, ainda assim, é vazia. Todos os dias, ao abrir os olhos, eu fico achando que vou ver outros olhos me olhando. E todos os dias, eu me lembro que não é ainda. Ainda assim, eu dou bom dia. Eu sei que acordo muito mais cedo do que ela, mas a primeira coisa que faço, quando acordo, é esperar que ela tenha um bom dia.

E passo o dia lembrando das coisas que ela gosta. Eu sou bom em conhecer o gosto dela. E já mostrei isso. Eu me interesso por isso. Se entro em uma livraria, fico vendo os livros que ela gostaria de ter. Alguns, tenho certeza de que ela não tem, mas adoraria ter. Outros, sei que ela tem e já deve ter lido algumas vezes. Livros de fotos. Vejo lugares que ela gostaria de conhecer. Outros lugares, eu gostaria de mostrar a ela. Outros, ainda, eu gostaria de conhecer com ela.

E na rua, mesmo sozinho, eu ando de mãos dadas com ela. É um pequeno prazer que eu tenho. A primeira coisa que faço quando a encontro é segurar a mão dela. Aquela mãozinha miúda dentro da minha. Se as mãos dela estão ocupadas com alguma coisa besta, tipo abrir o guarda-chuva, eu sempre acho alguma coisa para irritar, como fazer cócegas nela, de leve, até ela me entregar a mão. É um ritual gostoso de fim de tarde.

E eu a deixo em casa. Ela sempre sorri ao se despedir. Parece coisa de Richard Bach, que diz que uma despedida é necessária àquele gostinho bom do reencontro. E aquele sorriso dela me acompanha por todo o caminho até a minha casa. Depois, ele vai dormir comigo. O sorriso dela é sempre a melhor lembrança que eu tenho do meu dia.

E nos dias em que eu não a vejo, eu fico colecionando as lembranças dos outros dias. Talvez eu consiga lembrar de cada sorriso. Lembro de cada jeito. Todas as coisas que ela faz e que eu gosto. Algumas dessas coisas, ela sabe. Outras, nem faz idéia. Essas são as melhores de lembrar. Os pequenos gestos do corpo dela em relação ao meu que ela não percebe e que são tudo o que o meu corpo esperava dela. Coisas simples, como o jeito como ela encosta a cabeça no meu peito, quando deitamos.

Agora eu estou indo dormir. A chuva fez o verão se sentir um pouco mais tímido. Isso dá mais vontade de intimidade. Então, vou aproveitar e, deitado sozinho na minha enorme cama de solteiro, lembrar do peso dela no meu peito. E o cheiro do cabelo dela no meu rosto. E vou fechar os olhos sabendo que por muitos, muitos anos, ainda, vou sentir essas mesmas coisas. E não deve demorar muito até que eu abra os olhos uma manhã e diga aos olhos dela, que vão estar me vendo: "bom dia, super".

Falando em humor, hoje constatei algo impressionante. O clima tem efeito direto sobre o estado de espírito. Passei o dia mal humorado. Cara emburrada, ranzinza. A pobre da Estela teve que me aturar desse jeito.

Quando começou a chover, percebi: a pressão atmosférica estava elevada. Isso faz com que as pessoas se sintam oprimidas. O calor não ajuda. Meu mau humor vinha daí! Já melhorei bastante.

Eu adoro biologia. Fazer o que?

Ainda sobre o banho de chuva...

Voltei para casa debaixo d'água. Saltei do ônibus na UERJ e vim de lá para cá (coisa de 1,5km) caminhando. A chuva apertou. Já perto de casa, ela decidiu cair mais forte. Cheguei em casa enxarcado. Adoro isso. Nem aperto o passo. Não adiantaria de nada, mesmo. Além disso, como já disse, eu adoro um banho de chuva.

Abro a porta do corredor e entro. Duas vizinhas interrompem a conversa e ficam me olhando, perplexas com o meu estado. Fleumaticamente, eu olho para as duas e digo: "se continuar assim, deve acabar chovendo". Não preciso dizer que adoro um humor sarcástico. Uma delas percebe e responde: "e se você continuar desse jeito, vai acabar se molhando". A outra, loira, não deve ter percebido e arrematou: "mas ele já está molhado".

Ai, gente sem humor...

segunda-feira, 2 de dezembro de 2002

Preciso fazer uma confissão: eu adoro tomar banho de chuva!

domingo, 1 de dezembro de 2002

Acabei de achar algo fascinante! Faz 15 anos eu venho procurando informações sobre Amala e Kamala, as duas meninas criadas por lobos, na Índia. Não é muito fácil encontrar literatura sobre elas e material sobre crianças criadas por animais é sempre envolto numa áura mística e de pouca fidedignidade.

Aqui, na internet, vim vasculhando. Eis que, de repente, encontro um pequeno site em português com fotos! Eu pareço uma criança pequena, diante de um carrinho de controle remoto que o Papai Noel deixou na árvore...

quinta-feira, 28 de novembro de 2002

Ainda sobre o meu aniversário: pena que minha namorada não veio com um botão para virar pizza nas costas... Aí, seria a mulher perfeita!

Dia do meu aniversário. Eu e Estela fomos comemorar juntos. Lá pelas tantas, precisando assinar um cheque, viro para ela e pergunto: "que dia é hoje, mesmo?"

É a idade chegando e eu chegando ao fim...

quarta-feira, 27 de novembro de 2002

Aposto que isso aqui não faz parte daqueles quiz insanos que a minha namorada adora fazer. Foi enviado pelo meu irmão.

Qual deles é você?

O viado é um espécime emergente, em franca evolução. Antigamente não se
ouvia falar em tantas variações semânticas; mas hoje, tem apelido para
todo tipo de viado. Vejamos:

**Boiola**
É um viado mais moderno. Pratica surf, aeróbica, vive com óculos na
testa, finge que namora a coleguinha de turma, freqüenta pagode mas, no fim da
noite, dá uma passadinha no Bingo prá botar a "cartela" em dia.

**Viado**
Esse é o mais antigo e tradicional de todos. Fala com voz desafinada e
a língua entre os dentes, costuma virar os olhos enquanto fala e desmunheca
sempre. Tem cinco variações: viadinho, viadaço, viadão, viado-filho-da-puta
e o mais antigo e tradicional deles: o viado velho (ver Pederasta, adiante).

**Bicha**
É um viado mais rampeiro que existe, daqueles que fedem a mijo e usam
calça corsário com tamanco. Suas duas variações mais conhecidas são: bicha-louca,
que é um misto de viado com maluco, e bicha-nojenta, que é aquele que
trabalha com a gente.

**Gay**
É o viado metido a intelectual, alegre, mas que dá o rabo igualzinho
aos demais. Só que com mais criatividade. Fala de sexo anal o tempo todo e
costuma pregar que buceta só tem fama; bom mesmo é cu.

**Boneca**
É a mais fêmea dos viados; a que gostaria de ser chamada de "viada",
por ser no feminino. Na realidade, ela se acha a própria me-ni-na e sonha com
casamento. O único problema é que, como toda boneca, tem sempre a bunda malfeita.

**Fruta**
É aquele viadinho meigo, frágil, branquinho, pálido, com gestos
graciosos e delicados. Geralmente é ou foi criado pela vovó, jogando bola-de-gude no
carpete ou na pior das hipóteses é aquela "filha" que a mãe não pode ter e
foi criado usando camisolinha rosa e laço de fita no cabelo desde pequeno.
Geralmente só dá o rabo mediante solicitação, pois é extremamente tímido.

**Baitola**
É a bicha nordestina. Normalmente, é um fio-duma-égua bem abestado que
nasceu florzinha e se mandou pro Sul Maravilha (Rio ou São Paulo, onde
sempre cabe mais um, não precisa nem Rexona) pra fazer saliência bem longe
da família, senão o pai mata de porrada.

**Pederasta**
É um viado em desuso. Teve sua vez na época dos grandes bailes do
Municipal. Hoje, a bunda murchou, apareceram as varizes, virou um lixo!!

**Homossexual**
É o viado discreto, enrustido. Em geral, é rico e se casa para camuflar
suas atividades. Paga bem e pede discrição. Freqüenta muito o proctologista
e é capaz de trair a mulher com o próprio cunhado garotão, em troca de
emprestar o carro. Às vezes, sofre de crise existencial e cai em depressão.
Mas nunca se arrepende. Aí, também já é pedir demais, né, santa?

**Meigo**
É o viado que você nunca tem certeza de que realmente ele é viado. Você
desconfia pelos seus gestos e trejeitos, porém se você souber que ele não é
viado, você não iria ficar tão decepcionado. Ele deixa dúvidas. Quando você
acha que um cara é meio viado mas não tem certeza, chame-o de MEIGO que é a
abreviatura de MeioGay.

** Colírio **
Esse é o viado que ninguém imagina que ele é viado. Fala como homem, se
veste como homem, anda como homem, coça o saco, pode ser casado e até ter
filhos, compra a revista Playboy e comenta "Meu Deus que mulher gostosa",
costuma ser inflexível quanto a odiar os homosexuais e se fosse possível
mandaria matar todos sob tortura (pode ser uma maneira de eliminação da
concorrência através de uma ação incosciente). Chama-se COLÍRIO, porque se
aparecer uma oportunidade de se relacionar com outro homem sem que ninguém
sabia, ele vai pra cama, dá tanto o rabo que tem que passar colírio (Moura
Brasil ou similar) no olho do cu, de tão ardido que fica. Dizem que quando
o colírio (Moura Brasil ou similar) é pingado no anel de couro ainda
quente, chega a fazer TZZZZZZZZ, e a bicha abre logo uma cerveja. Quando
você quer chamar alguém de viado e não quer que ele nem desconfie, diga
assim, "Esse aí tem cara de quem usa COLÍRIO!"

terça-feira, 26 de novembro de 2002

Novas questões imponderáveis

O seguinte diálogo foi extraído do livro homônimo de Platão. Se bem me lembro, era travado entre Sócrates e seu pupilo, o autor do livro:

-De onde vem a chuva? - perguntou o barbudo grego velho.

-Das nuvens, ora - respondeu o incauto pupilo, também barbudo e igualmente heleno.

-E onde ficam as nuvens? - insistiu o mestre piolhento (isso é uma verdade histórica).

-No alto - Platão não entendia a obviedade das perguntas.

-Se a chuva vem de cima, por que é que a parte que mais se molha são os pés?

Vai entender...

Paisagem urbana

Veio aquela chuva, hoje. Todos os que estavam na cidade viram. Até aí, nada demais. Ela durou pouco, como qualquer chuva forte nessa época do ano, e frustrou as intenções de alguns namorados darem balão em suas namoradas. Continua no nada demais.

O curioso foi a imagem que eu tive. Enquanto a chuva ainda estava arrefecendo, eu vinha caminhando pela rua e, bem na minha frente, vinha uma senhora daquelas cadeirudas (alerta de eufemismo). O bacana era que a semicircunferência glútea da dona tinha raio maior que o do guarda-chuva. Resultado: bunda salpicada de gostas de chuva. Que triste...

Dia desses, lá vinha eu descendo a serra de Jacarepaguá de volta para casa. Sempre durmo no ônibus, na descida. Estou descobrindo que é um hábito saudável. Eu só tiro um breve cochilo. Sempre acordo mais ou menos quando nós estamos no Iguatemi, aqui em Vila Isabel (os puristas dirão que ele fica no Andaraí).

Voltando ao tal dia, em tempo razoável, toquei a campainha, para saltar. O motorista passou batido do meu ponto. Pensei "ótimo que pare uns metros depois, porque isso me deixa exatamente na minha esquina". Não. Ele passou de "uns metros depois". E ia embora, para a Praça XV! Eu tive que dar um toque nele:

-Paraí, mermão. Eu fico aqui!
-Ô! Desculpa. Eu me distraí.

Pode? Eu agora sou imperceptível até para os motoristas de ônibus! Acho que chegou a hora de engordar...

domingo, 24 de novembro de 2002

Tem sido difícil blogar ultimamente, né? Acho mais fácil ler os blogs dos outros que escrever no meu. O pessoal tem cada idéia brilhante! Por que, diabos, eu preciso escrever, se tem tanta coisa melhor para ler por aí?

Eu devo ser um exibicionista, mesmo...

sexta-feira, 22 de novembro de 2002

Admirável Corpo Novo

Como toda mulher bonita que eu já conheci, minha namorada se acha gorda. Não entendo essa obstinação das mulheres em ser absurdamente magras. Massérrimas, se possível, anoréxicas. O mais curioso é que a maioria das que se acham gordas, não o são. Talvez alguma excessão possa estar ligeiramente acima do peso.

Aliás, o que é estar acima do peso? Um grupo de cientistas malucos inventou uma fórmula matemática que deveria indicar quem está ou não na "normalidade". Que expressão horrível, essa tal de normalidade. Se Edison vivesse no século XX, tomaria comprimidos para dormir, para ter oito horas de sono, como qualquer pessoa normal. Ele só dormia três e, graças a isso, hoje temos a luz elétrica.

Então, tecido adiposo e beleza são termos antagônicos? Nada mais ignóbil! Conheci muita gente bonita e gorda, muita gente bonita e magra. Aliás, também conheci muita gente feia e gorda e eu, do meu lado, sou magrelo e não sou nada que se diga agradável de se ver. Mas quem tem 60kg distribuídos em 1,70m pode se considerar na faixa padrão de beleza, porque é normal. Será que isso faz algum sentido?

A lógica de que peso e altura devem ser relativos é cruel. Quem não faz parte desse grupo é estranho, é menor. O curioso é que essa é uma crueldade subliminar. Tão discreta que mesmo os passivos dessa crueldade não a percebem. Aceitam, com resignação. É como se obedecessem cegamente a um comando, sem contestar. Isso faz pensar naquelas histórias de Admirável Mundo Novo e 1984. Uma crueldade que todos aceitam.

Essa ditadura da estética precisa de um fim. Em ambos os sentidos. Seria ótimo se tivesse uma finalidade, ao menos. Caso contrário, basta que tenha termo.

terça-feira, 19 de novembro de 2002

::~IMPOTÊNCIA~::

Nós, homens, odiamos essa palavra. Tudo que é relativo a essa palavra. Odiamos pensar nela, odiamos a grafia dela, não importa em que fonte. Odiamos até o simples som dessa palavra. Tememos seus efeitos, suas repercussões. Mas mais do que temer, odiamos, mesmo. Em todos os seus aspectos, em todas as línguas, todos os parâmetros. E existem vários aspectos para impotência. Impotência é um bocado de coisa.

Impotência é silêncio. É caminhar por horas de mãos dadas com alguém sem dizer palavra. Aquela mudeza constrangedora de quem não sabe o que dizer para aliviar a apreensão de alguém. É não ter o que dizer, sabendo que precisa dizer alguma coisa. Esperar que apenas um abraço resolva e saber que não. Esse tipo de impotência é desgastante, preocupante, alucinante. Não saber ser o que dizer diante da aflição alheia é pior do que a própria aflição.

Impotência é ansiedade. É esperar e saber que nada vai acontecer. Ou, por outro lado, que aquilo que não podia acontecer, vai acontecer. Ficar contando o tempo, fingir que não se preocupa. Fechar os olhos, para não ver acontecer. Tapar os ouvidos, para não ouvir que não aconteceu. É observar sem contemplar. É amargar os momentos. Sentir todos eles, um por um, passando por entre os dedos.

Impotência é descompasso. É esquecer absolutamente o sentido da palavra serenidade. É querer ter o que se espera no momento em que se quer. É não saber mais esperar.

Pouca coisa pode ser tão odiosa quanto a impotência. Pouca coisa pode ser tão odiosa sob aspectos tão distintos. Ainda assim, ela é inevitável. Em um momento ou outro, por uma, ou outra razão, todos estaremos impotentes. Até mesmo aceitar esse fato com conformidade é sinal de impotência.

Hoje calibrei os pneus da bicicleta do meu irmão. Aproveitei para gastá-los.

Pouca coisa é tão boa para fazer pensar quanto pedalar.

terça-feira, 12 de novembro de 2002

Revendo os meus e-mails antigos, achei um de maio passado. Duvido que quem me enviou lembre de ter me enviado. Lá vai:

Amor

"As pessoas ficam procurando o amor como solução para todos os seus
problemas quando, na realidade, o amor é a recompensa por você ter
resolvido os seus problemas" Copiem. Decorem. Aprendam. Temos a mania de
achar que amor é algo que se busca. Buscamos o amor nos bares, buscamos o
amor na internet, buscamos o amor na parada de ônibus. Como num jogo de
esconde-esconde, procuramos pelo amor que está oculto dentro das boates,
nas salas de aula, nas platéias dos teatros. Ele certamente está por ali,
você quase pode sentir seu cheiro,precisa apenas descobri-lo e agarra-lo o
mais rápido possível, pois só o amor constrói, só o amor salva, só o amor
traz felicidade. Há quem acredite que amor é medicamento. Pelo contrário.
Se você está deprimido, histérico ou ansioso demais, o amor não se
aproxima, e, caso o faça, vai frustrar sua expectativa, porque o amor quer
ser recebido com saúde e leveza, ele não suporta a idéia de ser ingerido de
quatro em quatro horas, como um antibiótico para combater as bactérias da
solidão e da falta de auto-estima. Você já ouviu muitas vezes alguém
dizer: "Quando eu menos esperava, quando eu havia desistido de procurar, o
amor apareceu". Claro, o amor não é bobo, quer ser bem tratado, por isso
escolhe as pessoas que, antes de tudo, tratam bem de si mesmas. O amor, ao
contrário do que se pensa, não tem de vir antes de tudo. Antes de
estabilizar a carreira profissional, antes de fazer amigos, de viajar pelo
mundo, de curtir a vida. Ele não é uma garantia de que, a partir de seu
surgimento, tudo o mais dará certo. Queremos o amor como pré-requisito para
o sucesso nos outros setores, quando, na verdade, o amor espera primeiro
você ser feliz para só então surgir, sem máscara e sem fantasia. É esta a
condição. É pegar ou largar. Para quem acha que isso é chantagem,
arrisco-me a sair em defesa do amor: Ser feliz é uma exigência razoável, e
não é tarefa tão complicada. Felizes são aqueles que aprendem a administrar
seus conflitos, que aceitam suas oscilações de humor, que dão o melhor de
si e não se autoflagelam por causa dos erros que cometem. Felicidade é
serenidade. Não tem nada a ver com piscinas, carros e muito menos com
príncipes encantados. O amor é o prêmio para quem relaxa. As pessoas ficam
procurando o amor como solução para todos os seus problemas quando, na
realidade, o amor é a recompensa por você ter resolvido os seus problemas."

domingo, 10 de novembro de 2002

Será que vai chover no meu aniversário? E eu que pensava em fazer piquenique...

Parafraseando a Estela,

"Sim, ando blogando cada vez menos...

O que um bom beijo na boca nao faz com uma pessoa..."

terça-feira, 5 de novembro de 2002

::Uma opinião feminista com visão machista::

Tem uma coisa que eu acho e que eu sei que destrói a minha reputação. Entre as feiticeiras, eu sou muito mais a Elizabeth Montgomerry que a Joana Prado. Esse é o tipo de coisa que eu não gosto de ficar falando abertamente. Num bar, por exemplo, seria motivo de risadas por longos dez minutos, antes que passasse alguma saia a caminho do banheiro. Por outro lado, acho que os meus amigos já estão acostumados com as minhas opiniões polêmicas.

Polêmicas? Desde quando polemizar é dizer que gosta mais de uma mulher que de outra? Só porque a que eu prefiro não é a que usa biquini e fez 96 plásticas só no mês passado? Então, se é para criar polêmica, vou criar para o outro lado. Ou para todos os lados. Alguém já reparou a disparidade entre uma e outra?

Da Samantha, sabemos tudo. Até porque, não tem muito que saber. Ela é casada, muito bem casada com um orelhudo magrelo que sustenta a casa. É dona de casa, filha de Endora (não Miranda, como eu achava), mãe de Tabata. Essa é a vida dela: infernizar e impulsionar a carreira do marido. Uma espécie de versão televisiva da letra de Mulheres de Atenas, do Chico Buarque. Some-se que é uma moça muito recatada e discreta no vestir. Maomé deve ter se inspirado nela, para descrever o ideal de comportamento feminino no Corão.

A outra, com outras influências árabes, é notadamente diferente. Alguém sabe o nome da mãe da Joana Prado? Ganha seu próprio dinheiro, tem seu próprio meio de vida. E que meio! Absolutamente independente, não faz segredo de seus impulsos sexuais (quem nunca viu o vídeo dela trepando com o Belfort?). É ela quem manda nela mesma. Solteiríssima, duvido que tenha alguma veleidade de se casar virgem. Quem sabe dela é ela. Um ícone dos anos modernos, pós-liberação sexual.

E a polêmica? Bem, caras feministas empedernidas, alguém é capaz de explicar o que faz um homem gostar mais de uma submissa dona de casa a uma profissional liberal dos anos 90? Talvez eu tenha os valores meio antiquados, sei lá. Mas não acho que a resposta seja essa. Acho que vai além. Acho que é, na verdade, bem mais raso que uma discussão sobre igualdade entre os sexos. É uma simples questão de estilo.

E aí, qual o seu estilo?

Tem coisa mais inútil que falar do tempo? Pois é. Decidi que vou falar do tempo. Não me surge assunto, estou mal humorado, não tenho paciência para pensar em nada. Meu assunto será o tempo. E que tempo! Existe explicação para o calor que está fazendo? Esse mormaço insuportável.

Pior que tem. Não gosto nem de pensar. Dia desses, fui até o Pico da Tijuca, o ponto mais alto do Rio de Janeiro. Era claro o anel de poeira que se formava pouco acima da altura dos olhos. Eu faço essa trilha a muitos anos. Conheço diversos picos da cidade, mas nunca tinha visto uma nuvem tão densa quanto aquela. Nunca passei por algo tão triste. É bem degradante.

Dizem que o adesivo de carro ideal para o meu signo é aquele que diz "destrua as ondas, não as praias". Faz sentido. Eu sou um sujeito assim, mesmo. De repente, a poluição aparece suspensa no ar. Sei lá se isso explica todo esse mormaço. Sei que esse mormaço explica a minha sinusite. Ela tem atacado incessantemente. Sem trégua.

A chuva, modo geral, serve para fazer isso baixar. Muda a pressão atmosférica, os ventos varrem a poeira para longe... Espero que ela venha e vem com vontade. Com saúde. Não aguento mais o tempo do jeito que ele anda!

segunda-feira, 4 de novembro de 2002

Cartas de Amor
Tôdas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fôssem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos.
São naturalmente
Ridículas).

Fernando Pessoa

Amor, com amor se paga

De tudo o que já experimentei nessa vida, isso é novo: a certeza do carinho recíproco. Desde sempre, conheço os versos de W. H. Auden que dizem: "if equal affection cannot be,/ let the more loving one be me". E sempre fui assim, mesmo. Sempre fui o tipo de pessoa mais preocupada em amar, do que ser amado. E nunca fui de me preocupar com isso. Dessa vez, estou experimentando uma novidade. É delicioso saber que se é amado, tanto quanto se ama.

É uma experiência rara, poder dizer, com certeza, "sou amado". Na verdade, não é apenas rara. É mágica! Acho que posso me chamar de privilegiado. É uma sensação absolutamente nova. Não acho que muitas pessoas tenham sinceramente passado pelo que estou passando. Isso me faz sentir o homem mais feliz do mundo.

Sabe lá o que é contar o tempo que falta entre agora e encontrar a pessoa que você gosta? Quanto encontra, as cores que você está acostumado a ver, parecem mudar, na sua frente. Uma aceleração involuntária parece tomar conta do miocárdio, nas pernas uma dormência contínua, na mente, a sensação de conforto, como uma cama macia, num dia frio. Tudo isso vem em conjunto. A um só tempo. E você sabe que, do outro lado da sua mão, tem uma mão sentindo as mesmas coisas.

Eu devo ter perdido o juízo, para dizer esse tipo de coisa em público. Não costumo ser assim. Gosto de guardar essas alegrias íntimas na minha intimidade. Em geral, isso me renderia um sorriso ameno por horas. Surpreendentemente, isso não está mais cabendo em mim. É uma alegria que precisa ser extravasada. E é exatamente o que eu faço, enquanto venho aproveitar para ver o mundo de cores novas. Será que só nós, daltônicos, conseguimos enxergar cores novas por causa do amor?

domingo, 3 de novembro de 2002

Lei da Relatividade Documentada
Nada é tão fácil quanto parece, nem tão difícil quanto a explicação do manual.

Lei da Administração do Tempo
Tudo leva mais tempo do que todo o tempo que você tem disponível.

Lei da Procura Indireta
§1 O modo mais rápido de se encontrar uma coisa, é procurar outra.
§2 Você sempre encontra aquilo que não está procurando.

Lei da Telefonia
Quando te ligam:
... Se você tem caneta, não tem papel.
... Se tiver papel, não tem caneta.
... Se tiver ambos, ninguém liga.
Quando Você ligar números de telefone errados nunca estarão ocupados.
PARAGRAFO UNICO: Todo corpo mergulhado numa banheira faz tocar o telefone.

Lei da Gravidade
Se você consegue manter a cabeça enquanto a sua volta todos estão perdendo a deles, provavelmente você não entende a gravidade da situação.

Lei da Experiência
Só sabe a profundidade da poça quem cai nela.

Regulamentação do Especialista
§1. Especialista é aquele cara que sabe cada vez mais sobre cada vez menos.
§2. Superespecialista é aquele que sabe absolutamente tudo sobre absolutamente nada.

Guia prático para a ciência moderna:
... Se se mexer pertence à biologia.
... Se feder pertence à química.
... Se não funciona pertence à física
... Se ninguém entende, é matemática.
... Se não faz sentido, é economia ou é psicologia.

Lei dos Cursos, provas e afins
§1.Se o curso que você mais desejava fazer só tem 'n' vagas, pode ter certeza de que você será o aluno 'n' + 1 a tentar se matricular.
§2. Oitenta por cento do exame final será baseado na única aula que você perdeu, baseada no único livro que você não leu.
§3. Cada professor parte do pressuposto de que você não tem mais o que fazer senão estudar a matéria dele.
PARAGRAFO UNICO: A citação mais valiosa para a sua redação será aquela que você não consegue lembrar o nome do autor.

Lei das Unidades de Medida
Se estiver escrito 'Tamanho único' é porque não serve em ninguém.

Lei da Queda Livre
Qualquer esforço para se agarrar um objeto em queda, provocará mais destruição do que se deixássemos o objeto cair naturalmente.
§1. A probabilidade de o pão cair com o lado da manteiga virado para baixo é proporcional ao valor do carpete.
§2. O gato sempre cai em pé.
§3. Não adianta amarrar o pão com manteiga nas costas do gato e o jogar no carpete. O gato comerá o pão antes de cair...Em pé.

Lei das Filas e Engarrafamentos
A fila ao lado sempre anda mais rápida.
PARAGRAFO UNICO: Não adianta mudar de fila. A outra é sempre mais rápida.

Lei do Esparadrapo
Existem dois tipos de esparadrapo: o que não gruda e o que não sai.

Lei da Vida
1. Uma pessoa saudável é aquela que não foi suficientemente examinada.
2. Tudo que é bom na vida é ilegal, imoral ou engorda.

Lei da Atração de Partículas
Toda partícula que voa sempre encontra um olho aberto.

quarta-feira, 30 de outubro de 2002

Um Milton pouco conhecido.

Lua Girou
(Milton Nascimento)

A lua girou, girou
Traçou no céu um compasso
A lua girou, girou
Traçou no céu um compasso
Eu bem queria fazer
Um travesseiro dos seus braços
Eu bem queria fazer

Um travesseiro dos seus meus braços
Só não faz se não quiser
Um travesseiro dos meus braços
Só não faz se não quiser
Sustenta a palavra de homem
Que eu mantenho a de mulher
Sustenta a palavra de homem

terça-feira, 29 de outubro de 2002

Questões imponderáveis

Por que todos os motoristas de ônibus do Rio de Janeiro são loucos?

Gosto de Chico Buarque porque ele explica todas as complexidades dos meus sentimentos. Gosto de Geraldo Azevedo porque ele simplifica essas complexidades.

PARCEIRO DAS DELÍCIAS

Amor,
Vem me tirar a sede
Amor,
Vem me tirar da rede
Amor,
Nem que seja das intrigas.

Amor,
Vem me tirar o cinto
Amor,
Vem me tirar a pele
Amor,
Nem que seja sem malícia

Vem me tirar,
Vem me botar na vida.
Vem me tirar,
Às vezes pra dançar
Até me machucar, amor

Vem reviver a sede,
Me botar na rede
Vem me fazer aquele amor
Parceiro das delícias, amor.

Geraldo Azevedo.

Clareou.

Ontem foi a data do início do meu inferno astral. Não tinha reparado.

Começa a esfriar. Talvez o tempo vire. Não sei. Têm sido dias estranhos: as nuvens se formam sobre as montanhas da Floresta da Tijuca, mas se dissipam. Aí, vem o Sol e o calor. Eu nunca fui muito afeito a essas temperaturas. Acho que não nasci para isso. Não nasci para suar na rua. Não sei se isso é ser esnobe da minha parte, só sei que não gosto. Não acho saudável.

Esta noite está silenciosa. Isso é estranho. Em geral, os vizinhos fazem barulho, os morcegos sissiam na mangueira aqui, atrás, carros cantam pneus ao longe. Esta noite está estranha. Um ar de desalento, de desolação. O silêncio faz uma música calma preencher o ar. Um adagio de cordas, talvez. Ou eu sou maluco de ouvir música no silêncio, mesmo. Não me surpreenderia.

Estou esquisito, hoje. Tanto quanto esta noite. O coração apertado, os pensamentos amuados. Talvez o clima tenha algum impacto. Neste exato momento, tudo o que eu precisava era do meu violão e uma rede. Deixaria essas considerações fluírem pelas cordas, madrugada adentro. Assim, não estava aqui, aborrencendo qualquer leitor incauto. Quero deixar chegar amanhã. Em geral, a aurora traz novidades.

Tem dias de lua.

domingo, 27 de outubro de 2002

Ontem eu tive uma apresentação de música e dança flamenca. Que desespero! Aconteceu mais ou menos assim: quarta à noite uma amiga me liga e diz: "Pedro, tenho uma apresentação para fazer no próximo sábado. Sou eu e mais 3 meninas. Eu poderia usar CD, mas prefirimos ter música ao vivo. Topas?" Eu, doente que sou, topei. Nunca fiz nada disso antes, mas topei. "Quando vão ser os ensaios?" A resposta dela foi imediata: "sábado à tarde".

Preciso dizer que enlouqueci? Quem não me conhece, não sabe, mas a única coisa com a qual eu sou perfeccionista é a música. Peguei uma fita do Paco de Lucia do meu pai e comecei a ouvir, em looping, entrei em diversos sites da internet espanhola, buscando técnicas de rasgueio, estudei partituras e partituras... Ontem, fui dar aulas, participei de ensaios fotográficos para o site da ConnAction, que está linkado aí do lado, e fomos ensaiar. Pânico total.

No fim das contas, o ensaio ficou mais ou menos. Eu consegui entender a coreografia e compus uma harmonia que preenchesse a dança. Quando nós fomos a Niterói, onde foi o envento, eu tirei um tempinho para me concentrar e estudar um pouco mais. Fico muito tenso nessas horas. Peguei meu violão e, súbito, fiz uma harmonia que dava de 10 na anterior. Ficou muito boa. Parecia que eu tinha entendido a linguagem da música flamenca. Apresentamos o espetáculo. Abri, tocando Astúrias, de Albeniz. O público adorou, as meninas confirmaram minha sensação de que tinha sido melhor que nos ensaios, uma delas percebeu que eu fiz uma coisa nova com o violão.

Eu, crítico como sou comigo mesmo, achei bacaninha. Não mais que isso. Mas isso é normal. Quando a gente se apresenta, o resultado é sempre 20% menor do que o esperado. Se ficar abaixo disso, a coisa fica perigosa. Mas o meu conceito foi esse mesmo, então fica tudo bem. Para completar, depois que eu saí do palco, vem um mané perguntar por que eu toquei Spanish Caravan, do The Doors. Cai na real! Vai entender de música, meu filho. Some-se a isso que eu acho Jim Morrison um saco!

Mas este post não é sobre isso. Este post é sobre como um público pode aplaudir você (tinha gente até de pé) e você sentir falta de um par de mãos, apenas. Minha namorada não estava lá. Não conseguiu ir. Eu sei que não deu, nós conversamos antes. Já sabia que não ia ter como. Mas fez falta. Queria muito ter estado com ela. Ontem eu percebi como uma só pessoa pode fazer falta.

Segundo Turno

Lá vou eu votar. No primeiro turno, pela primeira vez na minha vida, peguei fila na minha seção. Como bom suburbano (ver post anterior), voto numa escola pública e feia. Para evitar ter que conversar com a mesma menina nojenta da fila da última vez, levei minha Super Interessante para ler. Lá chegando, que desolação. Os mesários olhando pro chão, ou pro jornal. Tinha gente bocejando. Ninguém, repito: ninguém, votando. Em passos lentos, fui até a mesa para entregar o título (sim, porque eu sou um daqueles doentes que não usam a carteira de identidade para votar. Aliás, ela ficou em casa). A mocinha até se animou e se aprumou na cadeira. Fez uma expressão alegre de "agora tem trabalho".

Votei. A fotinha do Lula deu desgosto. Aquele sorriso bonachão. Quem já viu Papai Noel petista? Pois é. Quase que desisto e voto no Serra, só porque ele anda mais feio e abatido. Mas o resultado mais importante: não li a minha revista. Que saco. Só serviu para pensar em que blogar, quando chegasse em casa. Nem deu para divagar sobre democracia e política, como eu fiz da última vez. Quem é novo no meu blog, é só procurar, na data da última eleição.

quinta-feira, 24 de outubro de 2002

Paisagem suburbana

Às vezes, me dou conta de que sou suburbano. A Estela gosta de dizer que eu sou suburbano, porque moro bem do lado de uma linha de trem. Eu moro nas imediações da Praça da Bandeira e o trem da Leopoldina passa aqui do lado. Ela trabalha na Procuradoria Geral do Município e deve entender dessas coisas. Diz ela que subúrbio é só aquilo que é perto da linha do trem. E a Tijuca? Não é subúrbio? E lá onde ela mora, em Jacarepaguá, que tem cavalo comedor de ebó? Aquilo, nas palavras dela, é outra coisa: é roça...

Mas, voltando à minha vidinha, sempre fui feliz por ser suburbano. Tem coisas que só acontecem por aqui. Uma delícia ficar subindo em árvore, brincando na rua. Pintar a rua em época de copa do mundo é coisa que só dá no subúrbio! Ou festa junina de fechar a rua. Isso é vida de subúrbio. Isso faz parte da minha infância. Faz parte do que eu sou, agora. Acho que influencia até a minha maneira de pensar, de ver a vida e as pessoas.

Gosto de acordar num domingo cinzento, atraversar o jardim do meu edifício e buscar a revista na caixa de correio. Minha rua é de paralelepípedo e em frente ao prédio tem o muro cinza de uma casa. De manhã, quase ninguém na rua. Tem um certo ar de desolação. Mas é poderosamente poético. É como estar em outro lugar, num outro tempo. Um tempo que passa mais devagar, com mais mansidão. O dia parece seguir todo mais calmo, depois disso. Até o pagode, o churrasco, a barulheira do vizinho parece ter uma certa graça.

Aí, eu gosto de atravessar o verde da Quinta da Boa Vista e ir visitar meu pai, que mora em São Cristóvão. Lá não tem trem. De repente, lá não é subúrbio. Então, por que tem criança em cima de carrinho de rolimã descendo a ladeira? Por que tem gente jogando futebol no asfalto, fazendo o portão da garagem de gol? E o vizinho do meu pai, que parece ouvir a mesma rádio que o meu. Isso é gostoso como dormir abraçado.

Deve ser porque eu nasci na Tijuca. Sou tijucano e tijucano é uma raça engraçada. É o único bairro do Rio de Janeiro que tem naturalidade. Ninguém é copacabanano, ipanemense, barrista. Botafoguense é só torcedor de um time caidinho, flamenguista, que adora dizer que faz parte de uma nação, é outra raça que só existe em torno do futebol. Ninguém é como tijucano. Somos uma raça estranha. Mas não somos suburbanos. Fazer o quê?

Ainda bem que saí da Tijuca. Ainda bem que vim morar na Praça da Bandeira. Só aqui eu posso me sentir suburbano.

terça-feira, 22 de outubro de 2002

Enquanto tento, desesperadamente, ajeitar os links aí do lado, percebi: só quem tem blog é mulher, né? Já vi que isso é coisa de frutinha, igual ter gato como bicho de estimação. Cruzes! O pior é que eu não largo essa cachaça.

Para esclarecer a todos que ficaram chocados com a minha declaração de ontem, não, eu não estava triste. Menos ainda rolou sexo. Foi um dia longo. Meu irmão que surtou pareceu estar voltando ao normal, dei aula, fui ao teatro, prestigiar a esquete de um amigo meu. Aliás, ótimo trabalho. O calor era insuportável.

Cheguei em casa e me deparei com a "obrigação" de escrever no blog. Coisas de blogueiro. Tem obrigação nenhuma. Mas fiquei olhando aqui, para a tela de edição, como se precisasse escrever algo. E pus aquela frase de cunho lapidar. Simplesmente porque estava foda pensar em qualquer coisa para escrever.

Simples como isso. Não precisam ficar tentando me consolar, ou me parabenizar. Eu ando muito feliz, desde o último fim de semana. Ainda assim, sexo não faz parte dos eventos que têm me deixado feliz. De todo jeito, thanx a lot!

Tem dias que a noite é foda...

domingo, 20 de outubro de 2002

Já foi Sinatra. Agora, Tony Bennett. Mas eu amo essa música!

The way you look tonight

Someday when I'm awfully low
When the world is cold
I will feel a glow
Just thinking of you
And the way you look tonight

O but you're lovely
With your smile so warm
And your cheeks so soft
There is nothing for me, but to love you
Just the way you look tonight

With each word, your tenderness grows
Tearing my fear apart
And that laugh that wrinkles your nose
Touches my foolish heart

Lovely never never change
Keep that breathless charm
Won't you please arrange it
Cause I love you
Just the way you look tonight

Situação marcante deste fim de semana: estou eu, cercado de duas lindas moças no tradicional Bar Luiz, quando um casal vem se sentar na mesa do lado. Os dois pareciam ser clientes do lugar faz muuuuuuiiiiiito tempo. Aposto que devem freqüentar há uns 50 anos, no barato! Ouvimos o diálogo:

ELE: qual é mesmo o ouvido bom?
ELA: esse aqui.
ELE: ah, então senta do lado de cá.

Queria ser romântico a esse ponto!

terça-feira, 15 de outubro de 2002

Se você está estranhando esses nomes aí do lado, não se preocupe. Sou eu tentando criar links no meu blog. Como estou me virando sozinho, é um trabalho meio penoso.

Vamos ver...

segunda-feira, 14 de outubro de 2002

Pedro e a TV

Recomeçou o horário eleitoral. Será que alguém assiste àquele troço? Com essa pergunta na cabeça, angustiado por causa dos baixo ibope dos candidatos, em tempos de tv por assinatura, fui ver o que eles tinham para dizer. Eu e as minhas idéias idiotas. O que era o Lula?! Agradeceu o apoio dos outros dois candidatos que ficaram para trás no primeiro turno. Apresentou toda a tchurma do PT, que agora governaria com ele. Teve musiquinha, teve gente aplaudindo. Isso aí, um auditório repleto de petistas (Suplicy, Erundina, Jandira, que é do PC do B...) aplaudindo o barbudão, lá. E pior, fazendo o sinal do L, com a mão. Isso sempre me lembra o gesto americano de botar um L na testa, simbolizando "looser"...

Corte súbito, Regina Duarte na telinha. A namoradinha do Brasil vem dizer que tem medo. Não quer que as coisas mudem. Tadinha, tinha que ver a expressão de medo da senhora. E vem o carecão dizer que o Lula não está preparado, que foge dos debates igual o diabo foge da cruz... E tome ataque. De novo, uma lista interminável de pessoas que apoiam o governo Serra. De novo, ele não é o terceiro mandato do FHC. Alguém acredita nisso? Por outro lado, alguém duvida disso?

Um interminável blablablá eleitoreiro. Nenhuma proposta, de nenhum dos dois. Ninguém se compromete com nada. Sabe o que parece? Que não adianta em quem eu vou votar. Vai ganhar que "eles" querem que ganhe. Eu só queria saber quem são "eles". Alguém acha que o Lula virou, mesmo paz e amor? Alguém acha que ele vai resolver a dívida externa com duas canetadas, como prometido em campanhas anteriores? O Serra vai dar jeito na economia? Vai baixar o dólar? Francamente! Quem acredita que é o povo que decide quem ganha?

Em 94, elegemos um presidente de centro-esquerda. Em oito anos, ele foi cambando mais para o centro e, ultimamente, parece meio de direita. O país deixou de ser governado por juristas e passou a ser governado por economistas. Algo de errado? Não necessariamente. Agora, vamos votar em um Lula "novo". Um Lulinha paz e amor. Parece que estou vendo o FHC de oito anos atrás. A centro-esquerda voltando ao poder. Só não dá para fazer aquela propaganda das cinco metas do governo na mão do Lula, né?

De todo modo, passados os pensamentos de frustração com "isso tudo que taí", fui aproveitar os outros canais da tv paga. Passando os canais, vi um campeão de bilheteria. Um dos meus filmes favoritos: Godzilla! Se você acha que eu estou sendo irônico, enganou-se. Eu adoro filme B. Godzilla é a maior produção B do cinema americano. É muito engraçado. O roteiro é tudo que há de inverossímil (faltam umas cenas de sexo, eu acho...), a direção é risível, a atuação... Preciso falar da atuação? Mas os efeitos especiais e o tema são ótimos! O tema é perfeito prum filme B. O bom é que teve um orçamento alto e pôde pagar os efeitos.

Enfim, eu adoro a tv. Posso me indignar e me alienar em um espaço de tempo de 4 minutos. Onde mais?! Falando nisso, lá vou eu assistir Sex and the City. Recomendo a qualquer um. Mesmo que não signifique apenas o nome de um seriado!

domingo, 13 de outubro de 2002

Vocês podem imaginar como é difícil arranjar uma mochila de couro?! Estou atrás de um presente de aniversário para pedir para minha avó. Eu sou um cara difícil de dar presente. Quer dizer, todos os meus amigos sabem que, para me agradar, basta dar um livro. Eu vou ao delírio, mesmo que já tenha. Agora, avó é diferente. Ela gosta de ser lembrada. Gosta de se destacar. Coisas de leonina. Aí, bolei que quero uma daquelas super bacanas mochilas de couro. Combina com meu novo estilo casual urbano.

Eu entrei numa fase de couro da minha vida. Quero uma jaqueta nova, já que a minha tem 10 anos e não cabe mais em mim. Preciso enormemente de sapatos novos. Uma carteira também não seria má idéia... Mas a mochila... A mochila é um sonho de consumo antigo. E é super prática. O problema é o preço. Aliás, que problemão! Não posso comprar uma de R$ 65,00, nem de R$ 498,00. Não dá, né? Uma é ruim demais, a outra, cara demais.

Pior é que gostei da cara. De todas, é a que parece que vai durar mais. E couro bom passa de uma geração para outra! O problema é que é da Richard's e eu não ando disposto a pagar pela etiqueta. Eu procuro por outros fabricantes na internet e nada. Vou ter que dar um jeito. Sei que tem algo intermediário entre um preço e outro. O problema é que a maioria das intermediárias não são nada boas.

Odeio ficar em dilemas. Odeio vagar pela internet procurando as coisas e não encontrando. Será tão difícil achar uma mochila de couro com preço justo? Nem barato demais, nem caro demais? Se alguém conhecer outro alguém que está indo para a Argentina, por favor avise! Tenho encomiendas a fazer!

sexta-feira, 11 de outubro de 2002

Um pouco de Frank Sinatra pra vocês

Something Stupid

Written by: C. Carson Parks
With Nancy Sinatra
Arranged by: Billy Strange
From the Album: The Reprise Collection (Disc 3)
Label: Reprise Records
Recorded: February 1, 1967

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I know I stand in line until you think you have the time
To spend an evening with me
And if we go someplace to dance, I know that there's a chance
You won't be leaving with me
And afterwards we drop into a quiet little place and have a drink or two
And then I go and spoil it all by saying something stupid like "I love you"

I can see it in your eyes
That you despise the same old lies you heard the night before
And though it's just a line to you, for me it's true
And never seemed so right before

I practice every day to find some clever lines to say
To make the meaning come through
But then I think I'll wait until the evening gets late and I'm alone with you
The time is right, your perfume fills my head, the stars get red and, oh, the night's so blue
And then I go and spoil it all by saying something stupid like "I love you"

The time is right, your perfume fills my head, the stars get red and, oh, the night's so blue
And then I go and spoil it all by sayin' something stupid like "I love you"

I love you

quinta-feira, 10 de outubro de 2002

Cena II

Eu passei batido pela cena do Largo da Carioca. Francamente, não queria levar pedrada nas idéias. Já sou louco suficiente sem elas. Entrei no ônibus. Um engarrafamento louco, claro. Não demorou, uma sirene escandalosa começou a tocar atrás do ônibus. Naquele tumulto, os carros tentavam dar passagem. Quando o carro da Guarda Municipal passou, vinha seguido por uns caras a pé, jogando pedras no carro. Da janela, o carona tentava se proteger atrás de um colete a prova de balas.

Será que chegou a revolução armada? Será que o povo vai, finalmente, tomar o poder? Poder para o povo! A libertação, afinal. A queda do Estado, a mudança do Direito. Estabelecimento de uma nova ordem. A justiça social. Será?!

Ai, eu sonho, né?

Cena I

Estou passando pelo Largo da Carioca, Centro da Cidade, quando um grupo de policiais e guardas municipais tenta coibir o comércio ambulante. Cena clássica. Os camelôs reagem a pedradas, os policiais reagem às pedradas com cacetadas... Dali a pouco vai um tiro pro alto. Enfim, essas coisas que a vida urbana nos faz ver toda semana. O impressionante não é isso.

O impressionante é que havia um grupo de transeuntes. Para quem conhece a cidade, o grupo de transeuntes no Largo da Carioca nunca é pequeno. Talvez umas 300 pessoas. Esse grupo decidiu parar e assistir. Minha pergunta clássica: tem cabimento? Assistir o que? Alguém ia tomar partido? Só se quisesse tomar pedradas ou cacetadas também, né? Alguém ia prestar primeiros socorros? Quem sabe...? Mas, sendo sincero, acho que a resposta é mais rasa: fuxico. Mera fofoca.

Agora vem: fofocar o que? Tem algo ali que nós nunca tenhamos visto? Algo de novo? E se for, é o tipo de espetáculo que vale o risco assistir? Gente é uma raça muito estranha. Não fazem o menor sentido. Eu não entendo determinados tipos de curiosidade. Não entendo para quem as pessoas estavam torcendo naquela praça. Pela polícia? Então por que vibravam a cada pedrada? Pelos camelôs? Então, por que não reagiam contra a polícia? 300 pessoas contra a pequena dúzia de fardas não seria difícil de conseguir vitória. Era mero voyeurismo.

Será que alguém goza pensando nisso? Vai saber! Os prazeres individuais são meio loucos, mesmo. Todo mundo tem fetiche, né? Vai saber se o prazer daquela peãozada não é ver a autoridade caída, uma vez na vida. De repente, assim eles podem se sentir de volta por cima. Podem ter seus quinze minutos de glória, se não de fama. De repente é isso. É a satisfação solidária e coletiva.

Mas isso ainda é pouco. Voltando ao papo do voyeurismo, é meio como gozar com o membro viril alheio. É assistir à pancadaria de cadeirinha, torcer, quem sabe aplaudir, talvez ver seu time vencer, e, ainda assim, escapar sem nenhum arranhão. É a teoria do Maracanã. Você grita pelo seu time, se vencer, vc ganha (sabe Deus o que). Eles se elamearam, mas você ganhou, sem uma gota de suor. No máximo, o azar de um copo de mijo jogado da arquibancada.

quarta-feira, 9 de outubro de 2002

Tô enlouquecido de dor de cabeça. Desde ontem.

Vou dormir cedo. Não tenho saco p/ nada.

A-há! A Estela é o máximo. Ela me mostrou um site (professorblog.blogger.com.br) onde eu aprendi a inserir comentários. É esse maldito "O que você acha?", aí em baixo. Façam o favor de usar! Mesmo que não tenham nada pra dizer, deixem qualquer coisa, só porque deu um trampo dos infernos botar isso aí!

Agora, sim, eu tô ficando com um blog decente. Ainda não me decidi sobre o contador. Mas acho que não vai rolar. Seria muito frustrante! Daqui a pouco, chegarão as imagens. Depois, os links. Até que um dia, no fim, o mundo será meu!!

Ou não?

terça-feira, 8 de outubro de 2002

Gente! Talvez eu crie um site até o final da semana. Eu deixo vcs por dentro.

Ok. Eu sou um cara ponderado. Mas existe razão para esse calor todo?!

domingo, 6 de outubro de 2002

Vejamos. São filas intermináveis nas seções eleitorais. Um dia azul e quente lindo, com um ventinho soprando Leste (ótimo dia para içar velas). Todos os olhos do mundo acompanhando as eleições no Brasil. Alguns gringos, até, vieram checar todo o processo. Os grandes irmãos do Norte, por exemplo, vieram aprender alguma coisa. A revista inglesa The Economist, all of a sudden, decidiu falar bem do Lula. O espanhol El Pais anuncia que a economia global espera o resultado das eleições em terras tupiniquins. Tá bem, eles não usaram o termo "tupiniquim".

Que coisa! O Brasil parece ter voltado a ficar importante. Mais ainda, de repente, o Lula virou importante. O superchique Mr. da Silva, como é tratado em terras estrangeiras, deve estar se achando o máximo. Torneiro mecânico, nascido nos confins do Nordeste brasileiro, sem um dedo, o caboclo está chamando mais atenção que moça de shortinho na Av. Rio Branco. O periódico espanhol decidiu destronar o Allan Greenspan. A revista inglesa diz que, se ele for eleito, a democracia no Brasil terá demonstrado grandes sinais de solidez. Gente, será que o real vai voltar a valer alguma coisa?!

Gringo é uma raça muito engraçada. Não vou ofender, porque sei que tem muito gringo amigo meu lendo esse blog. Mas eles são engraçados. Não entendem nada disso aqui. Outro dia, no Globo tinha um alemão se divertindo com a animação brasileira nos showmícios (prendam o sujeito que inventou essa palavra!!!). Outros, especulam se o Brasil vai continuar democrático, com um governo de esquerda. Outros, ainda, temem que Lula venha a apoiar Mr. Castro (que a gente, aqui, chama de Fidel), num ataque terrorista aos EUA. Tem cabimento?!

Mas o mais engraçado é tratar o sujeito de Mr. da Silva. Eles acham chique o "da". Acham que é coisa de nobre, feito "Duque da Normandina". Vai entender. Deve ser um contrasenso, na cabeça dos franceses, por exemplo. Devem pensar como pode o sujeito se dizer proletário, se tem sobrenome "da" algum lugar? Qualquer dia, os caras aportam aqui, para prender o infeliz por propaganda enganosa. Será? Se ele for presidente, tudo pode acontecer! Essa gringalhada não vai mais entender nada do que se passa no Brasil. Falando em franceses, eles vão citar o De Gaulle (repararam? "De"): "o Brasil não é um país para ser levado a sério".

Bom, e o que isso tudo tem a ver com as filas do início desse texto? Quantos Silva tavam na fila da urna eletrônica? Quantas outras pessoas saíram das urnas para velejar seus J-24? Será que eles falaram sobre isso, quando se encontraram na mesma fila? Vai saber!

sábado, 5 de outubro de 2002

Mine
(Katherine Stone)

Mine to hold,
To feel,
To breathe in,
To delve into artificial machinations,

Taste the salty oil of the body
My body
His body
Her body

Look at the curl of her lobe
Her ear
Pink and flustered
Disappearing into his mouth
Red and puckered

Invisible to the face
Only to the eyes
Their eyes

Let me feel
Find new places for me to explore
For you all to find

Discover
Pleasure
Annihilate
Be mine
Mine alone

Hoje tem a grande estréia do Moulin Rouge no Telecine. Por inacreditável q pareça, nunca vi esse filme. Ótima desculpa para passar a noite de sábado em casa!!!

Espero que minha garrafa de whisky seja companhia suficiente.

Hoje era um desses dias q precisavam ter 29 horas

sexta-feira, 4 de outubro de 2002

Coisa Feia

Hoje, fiz uma coisa feia. Na verdade, fiz ontem, mas se estendeu até hoje. Uma grande amiga de faculdade se formou, ontem. Como bom amigo, eu fui convidado à festa de formatura. Uma festa que devia ser minha, também. Eu não fui. Usei, para mim mesmo, a desculpa de que teria que levar as gringas para conhecer um bar na Lapa, onde tocam chorinho. Para a minha amiga, que acabei de encontrar no icq, menti, dizendo que estava resfriado. Que coisa feia.

A verdade, é que se eu fosse à formatura, não estaria bem. E não faria bem. Eu confesso que levaria, comigo, algum sentimento de inveja. Isso não é saudável. Menos ainda gostando tanto dela quanto gosto. Escolhi assistir ao show de choro. Para minha agradável surpresa, ao chegar lá (Rio Scenarium, R. do Lavradio, 20, Lapa, Rio de Janeiro. Recomendo a qualquer um!) o show seria de músicas dos Beatles em ritmo de choro. Beatles! O programa foi idealizado pelo Renato Russo.

Foi bom para as gringas. Puderam sentir o que é o choro a partir de músicas conhecidas. Foi bom para mim, que sou músico e fã inveterado do quarteto de Liverpool. Apesar da culpa de não ter ido ver a Estela, gostei muito do show. Tive uma experiência que, até hoje, achava que era exclusivamente feminina: orgasmos múltiplos!

Mas, agora, no sério, faço aqui e publicamente, um sincero pedido de desculpas a Estela. Não só por não ter ido à formatura, mas, também, por ter mentido. Não gosto de fazer isso.

Tá, eu sei que este blog tá virando um depositário de poesias. Fazer o que? Eu gosto dessas coisas. Sempre curti poesia, desde que fui apresentado a Cecília Meireles, aos 9 anos de idade. Ainda lembro do poema! Mas não vou ficar escrevendo pieguices por aqui. Não tem cabimento, né?

Só aproveitando o ensejo, descobri que meu avô está escrevendo um livro de memórias. Ele é advogado, daqueles bem tradicionais. Tem dezenas de milhares de histórias. Eu vi esse livro quando tava fuxicando o computador dele. Algumas são bem engraçadas, como a que encabeça o livro. Conta que um vaqueiro, em Caxias, ia deixar o posto a um novo vaqueiro. Pouco antes disso acontecer, o mais antigo viu o substituto jogando pedras em uma vaca que tava ferida. Mandou parar e o sujeito não parou. Repetiu e nada. Aí, ele não teve conversa. Deu três facadas no malfeitor.

Resultado, preso por tentativa de homicídio (o vaqueiro sobreviveu). Lá vai meu avô defender o infeliz. Começa dizendo que existe legítima defesa de terceiro. Mas isso não se aplica a uma vaca, de acordo com o nosso Código Penal. O que pode ser aplicado, pelo rigor da lei, é a legítima defesa de bem de terceiro (a vaca, para o fazendeiro, empregador dos dois vaqueiros). O que não era bem verdade. A verdade é que o vaqueiro gostava do animal e tinha atacado o substituto em legítima defesa da vaca! Esclarecidos os pontos, meu avô sustentou a tese "oficial". E, claro, ganhou. Ele encerra dizendo que acha, até hoje, que essa foi a defesa mais bonita que ele já fez na vida.

No fim do texto, em vermelho, as minhas impressões. Essa história eu já sabia de outras épocas. Afinal, a gente só tem uma vida pra contar, de cada vez. Ainda assim, discordo da modéstia dele. Como ele é meu avô, minha modéstia me limita a dizer que acho que foi a defesa mais bonita que o Estado do Rio já viu. Acho, ainda, que outras pessoas vão discordar da minha modéstia, como eu, da dele.

quinta-feira, 3 de outubro de 2002

#41
(Dave Matthews)

Come and see
I swear by now I'm playing time against my troubles
I'm coming slow but speeding
Do you wish a dance and while
I'm in the front
The play on time is won
But the difficulty is coming here
I will go in this way
And find my own way out
I won't tell you to stay
But I'm coming to much more
Me
All at once the ghosts come back
Reeling in you now
What if they came down crushing
Remember when I used to play for
all of the loneliness that nobody
notices now
I'm begging slow I'm coming here
Only waiting I wanted to stay
I wanted to play,
I wanted to love you
I'm only this far
And only tomorrow leads my way
I'm coming waltzing back and
moving into your head
Please, I wouldn't pass this by
I wouldn't take any more than
What sort of man goes by
I will bring water
Why won't you ever be glad
It melts into wonder
I came in praying for you
Why won't you run
in the rain and play
Let the tears splash all over you

terça-feira, 1 de outubro de 2002

Céu e inferno

Nossa! Como as coisas são complicadas. A vida é um monte de altos e baixos. O fim de semana foi maravilhoso, mas a segunda-feira foi digna de um pensamento do Garfield. Vamos ao que é ruim, primeiro. Descobri que fui reprovado na faculdade. Resultado, mais um semestre a percorrer. É uma dor de cabeça!

Mas, vamos adoçar esse blog. Que domingo! Uma amiga alemã me convidou para receber duas amigas (uma alemã e uma francesa), que chegavam para visitar o Rio. Combinamos de tomar café na casa dela e seguir para um show do Yamandú Costa. Seria um fim de semana calmo, para quem estava chegando de viagem, mas já queria conhecer essas bandas de cá do Atlântico. O grupo seria constituído pelo namorado da minha amiga, as duas recém-chegadas e uma capixaba, além de mim. E lá fomos nós.

Ao chegarmos ao Planetário, local do concerto, estava lotado (uma hora antes do início!). Isso exigiria uma rápida mudança de planos. Então, como bons cariocas acompanhados de um bando de gringas (2 alemãs, 1 francesa e 1 capixaba), decidimos levá-las a algum ponto turístico. O escolhido foi o Pão de Açúcar. Novamente, como bons cariocas, nós nos recusamos a pagar o bondinho e convencemos as meninas a subir pela trilha.

No fim do dia, votamos por comer peixe em Barra de Guaratiba. Nosso almoço começou às 18:30h, como bons cariocas em fim de semana! Almoçamos uma maravilhosa vista para a Restinga de Marambaia. O que será que esse pessoal está pensando da nossa capacidade de improvisação?!

Tá. Hoje eu não estou uma pessoa com pensamentos profundos. Estou meio sem paciência para isso. Quem sabe mais tarde?

sexta-feira, 27 de setembro de 2002

Hoje eu tô com sono. Trabalhei bem. Dei aulas de manhã, ensaiei para o workshop de amanhã e tive uma reunião para discutir um contrato no fim da tarde. É estranho ser lembrado de que eu ainda sou um estudante de Direito. Eternamente concluindo o curso.

Mundo estranho.

quinta-feira, 26 de setembro de 2002

Eu e a informática

Segue a novela da minha não adaptação às modernidades. Hoje, encontrei a autora do celta.blogspot.com e perguntei como ela fez aquele troço todo maneiro. A resposta foi bem simples: "eu contrato uma webdesigner". Pô! Bem mais fácil! Já vi que vou ter que explorar meu melhor amigo, que é webdesigner. Aí, talvez ele perca cabelos, ao invés de mim.

Agora, um Ferreira Gullar, para espairecer


mar azul

mar azul marco azul

mar azul marco azul barco azul

mar azul marco azul barco azul arco azul

mar azul marco azul barco azul arco azul ar azul

quarta-feira, 25 de setembro de 2002

By the way, não consegui fazer o link. Visitem o blog dela e concordem comigo: o meu é muito mixuruca: celta.blogspot.com

Argh! Informática!

Acho que seria interessante acrescentar: esse blog está me fazendo envelhecer rápido! Coisas de informática. Eu bem disse que computador resove problemas que eu não teria se não tivesse um computador. Bem, vamos ao causo: lá vou eu, lépido e fagueiro, permitir que pessoas comentem meus textos. Pesquiso, pesquiso, pesquiso... Perco cabelo e a última noite de sono. Até achar a resposta: "sorry, it is not allowed". Que merda de resposta! Mas tá bem, sou um cara sereno.

Resignadamente, quero acrescentar, também, imagens, p/ sair dessa mesmeira que tá a página. "Sorry, again". Isso é resposta que se dê?!

E a inveja crescendo! Aquela amiga do balcão do odeon tem um blog maneiríssimo. Cheio de imagens e links para sites que eu adoro. Eu não sei nem se vou conseguir fazer um link para o site dela aqui: ______. Espero que dê certo. Como será que ela faz isso? Aliás, ela e todos os outros bloggers que andei visitando.

Mas sou um cara sereno e resignado. Vou esperar por melhores futuros. Ou acatar a sugestão de um cara numa sala de bate-papo: mudar de provedor. Vamos ver...

Friends and Lovers

Hoje, encontrei um amigo daqueles de faz tempo. Curioso que ele é meu vizinho. Sempre foi. Meu pai morava num prédio, ele morava no prédio em frente. Daí meu pai se mudou e ele veio morar no prédio do lado do meu. Por um tempo, éramos muito amigos, muito próximos. De uns tempos para cá, como acontece com muita gente, nós fomos nos distanciando e aquela amizade dos velhos tempos passou a ser um sorriso cordial, ao nos esbarrarmos na rua.

Hoje foi diferente. Fui até a casa dele e conversamos por um bom tempo. Falamos das pessoas de faz tempo e das coisas de faz tempo. Perguntei por um monte de gente que ele ainda via. Márcio está estudando Direito. Horácio montou um site de cifras bem conhecido, com a irmã Larissa. Ele está tocando violão! O Júnior, o Bolota. Quem diria! E eu frequento muito o site dele (sites.uol.com.br/horacio_jr), sem saber... E o outro Júnior, o filho do Sr. João? Esse foi atropelado por um caminhão, enquanto andava de bicicleta. Dá para imaginar? Minhas estatísticas aumentaram. Agora, perdi 12 amigos da minha idade para o trânsito brasileiro. Isso é inaceitável.

A vida segue, eu sei. Ele foi para um lugar melhor, não tenho dúvida. Nada é permanente, já me diz Buda. Por outro lado, nada vai tirar a saudade. Era um bom amigo. E como a gente brigava! Claro. A maior vantagem de ter um amigo é poder brigar com ele. Logo depois, estávamos trocando os brinquedos, de novo. Comandos em Ação, o Castelo de Greyskull. A infância é um lugar distante na sala das minhas memórias!

Meu amigo também lamentou o tempo perdido. Lembra das brigas que ele tinha, ainda mais frequentes que as minhas e de um luxo que eu não tive. Outro dia, o Júnior foi até a casa dele e, porque a hora passou muito depressa, acabou dormindo por lá. Ele me contou que foi interessante poder olhar para um amigo de faz tempo, lembrar dos tapas, chutes e dedos nos olhos de antigamente e pensar "taí um cara que eu respeito". Verdade. Depois que a gente cresce, a gente é capaz de olhar para um amigo que a gente já quebrou o joelho e dizer "taí um cara que eu amo".

Mas, voltando, ele lamentou o espaço de tempo que a gente perde sem fazer, ou falar nada. Em tudo: nas amizades, nos estudos, no trabalho. De repente, você olha e a vida ficou para trás. Será? Eu disse a ele: "faça de tudo na sua vida uma experiência de vida". E é verdade. Tudo o que fazemos, ou não fazemos, vai nos marcar para sempre. Em tudo devemos viver uma experiência de vida. Se vivermos assim, não teremos disperdiçado nada. É só nos lembrarmos de todas as coisas que passaram pela nossa cabeça quando estávamos deitados no sofá, olhando o branco do teto. Lembrar dos olhares das pessoas dentro do ônibus, preso em um engarrafamento com você. Nada é perdido, se não deixarmos. De tudo devemos fazer uma experiência de vida. Todos os gostos, todos os rostos, todas as texturas, todos os sons, todos os pensamentos. Nada nos escapa.

Sou estranho? Talvez. Vivo melhor assim? Com certeza!

terça-feira, 24 de setembro de 2002

Dia Branco

Voltei! Acho que é entusiasmo de iniciante. Por outro lado, esse diazinho de chuva que cai, aqui no Rio de Janeiro, propicia, esses pensamentos, mesmo. Faz um friozinho bom. E a previsão, que eu acabei de checar no www.climatempo.com.br é de que continue assim até sábado.

Esse tempo é a única coisa capaz de me fazer sentir solitário. O que não chega a ser de todo uma sensação ruim. Sou meio independente. Não gosto de ter gente pensando em mim, ou querendo me prender. Meu irmão me mandou um e-mail com uma frase lapidar, para nós, sagitarianos: "não tenho tudo que ama, em compensação, ninguém que me ama me tem". Agora, imagina isso, com um ascendente em Leão! Por um lado, odeio gente agarrada no meu pé; por outro, adoro receber atenção.

De todo jeito, eu sou uma boa companhia pro meu vinho. Ainda bem! Gosto de estar comigo. É nesses dias que posso perceber isso. Raramente a gente pode despender um tempo com o próprio "eu". É superimportante conhecer esse eu. No fim das contas, fica parecendo um outro eu. A gente começa a conversar com ele. Depois é aceitá-lo. Mas isso é outro passo.

O importante é que esse é um dia branco. Um dia bom para ter alguém do lado. Um dia ótimo para se pensar, divagar, refletir. Faltou o meu cachimbo, hoje. Só isso.

Se você vier,
pro que der e vier comigo
Eu lhe prometo o sol
Se hoje o sol sair
Ou a chuva
Se a chuva cair
Se você vier
Até onde a gente chegar
Uma praça na beira do mar
Um pedaço de qualquer lugar
Nesse dia branco
Se branco ele for
Esse tanto, esse canto de amor
Se você quiser e vier
Pro que der e vier
Comigo...
Geraldo Azevedo

O início

Bem, cá estou, diante da pergunta crucial de todo começo: como começar? Desisti de responder a essa pergunta. Vou responder a outra: por que começar? Eu sou um exibicionista nato. Sempre adorei falar prás pessoas o que eu estou pensando. Adoro rabiscar textos, ou frases soltas que ficam na cabeça. Dá um ar de intelectual, sabe? Gosto de pensar que eu não estou em casa, de short e moleton, num dia frio de chuva, mas num café, escrevendo no meu lap top (que eu já nem tenho!). Coisas de gente esnobe e estranha, mesmo. Mas de gente criativa, também.

Então é isso: esse é o meu começo. Bem parecido com o começo de um dia: meio cinza, vagaroso e confuso. Talvez em pouco tempo, eu consiga engrenar direito esse trem aqui. Sei lá se vai funcionar. Todo mundo sabe que eu digo que computadores resolvem problemas que eu não tinha antes de ter um computador.

E se alguém vai ler? Essa pergunta eu prefiro não responder.