quinta-feira, 16 de outubro de 2003

Estou gripado. Mau humor, pálpebras pesando uma tonelada cada, nariz entupido. Enfim, o mundo contra mim e eu contra o mundo. Eu estou no primeiro dia do resfriado. É a fase conhecida nos meios médicos como "eu preferia estar morto".

E no fim de semana tenho que dar aula em Miguel Pereira. Aliás, vou comemorar meu primeiro ano de namoro lá e é feriado na segunda para a minha categoria. Bom...

terça-feira, 14 de outubro de 2003

American Way of Life

Ontem, eu vi um anúncio no jornal. Dizia, em mal português e mal espanhol, que uma empresa americana buscava profissionais brasileiros que falassem espanhol. A remuneração era entre US$ 800 e US$ 2.000 e o horário era parcial, ou integral. Achei graça, fiquei curioso. Talvez fosse algo sério, talvez piada. Estela até ensaiou o diálogo:

"-Dói?
-Não.
-Então eu aceito."

Não era bem assim. Eu esperava que tivesse algo a ver com coisa séria. Talvez alguma empresa nova, investindo pesado em profissionais de todas as áreas. Quando liguei para o telefone, descobri que tinha que estar às 18:45h no Largo do Machado. A moça que me atendeu tinha forte sotaque estrangeiro. Pronto! Agora eu não queria nada com essa empresa. Estava tudo muito secreto, muito esquisito. Resolvi ir, só porque achava que ia flagrar algum descaso com a legislação trabalhista/ambiental/civil/previdenciária brasileira.

Cheguei lá e quase não contive o riso: Herbalife. Herbalife! Eles estavam contratando vendedores. "Quer emagrecer? Pergunte-me como". Quase perguntei: "como?" Mas parei e fiquei olhando. Fomos todos recebidos com uma música chata (aliás, deve ser a única) da Natalie Imbruglia. Depois, várias pessoas disseram há quanto tempo usam Herbalife e como isso mudou suas vidas e perfis. A seguir, outras pessoas disseram como estão ganhando muito dinheiro vendendo o pozinho do piriri.

O sistema é simples. Você compra um kit do produto e vende. Eles te dão cursos de marketing. Você pode montar uma equipe de vendedores e ganhar em cima da produção deles. Tem gente que garante estar fazendo muito dinheiro com isso. Acredito. Tem gente que diz que o produto realmente apresenta resultados e que não tem contra indicação. Acredito. Afinal, como disse um deles, eles estão em 59 países. São 59 ministérios do trabalho e 59 ministérios da saúde. Não deve ser ilegal.

Mas eu não posso vender um produto em que eu não acredito. Não é que eu não acredite nos resultados. Eu não acredito no produto. O troço foi inventado por um sei-lá-o-que Hughes, americano. Ficou órfão de mãe, quando ela, atriz de róli-údi tomou uma overdose de remédios para emagrecer. Chocado com o culto ao corpo, estudou e, em 1980, lançou o Herbalife. Totalmente natural.

O sujeito arranjou um jeito de ficar rico às custas da mãe! Mais que isso, está fomentando a mesma indústria que o fez órfão. Lá, ninguém falou sobre o produto. Ninguém tentou defender por mais que 5 minutos os seus resultados. Por meia-hora, todos disseram: isso dá dinheiro. "Eu fiquei rico em menos de um ano", "eu levantei minha empresa". Sempre assim. Ganhe, faça dinheiro. Tenha seu carro importado. Ninguém quer saber o que vender. Só quer vender.

Não consigo entender isso. Tenho sonhos de consumo. Tenho um padrão de vida relativamente caro e gostaria que fosse ainda mais caro. Mas não consigo ter toda essa ambição. É tão difícil assim esperar pelas coisas? É tão necessário ter tudo agora junto? Mais ainda: como é que eu consigo acreditar nos resultados de uma mercadoria, mas não consigo acreditar na mercadoria em si? Serei eu o único a enxergar a diferença?

Faltou mencionar: tenho um novo projeto de música. Estou tocando todas as quintas-feiras no Gioconda, um café na galeria da Livraria Leonardo da Vinci. Se você mora no Rio e conhece a livraria, vale dar um alô. A música é difícil de descrever. O estilo mistura Madredeus com Cantorias, mas o repertório é MPB, além de algumas peças minhas. Não paga nada para ouvir, estar lá ou qualquer coisa. Só paga o que consumir.

Se você não conhece o lugar, não precisa ir. Provavelmente não vai gostar.

Quem eu queria que pudesse ir é a Carol. Ela ia gostar e eu também. Minas fica tão longe, às vezes. Espero que ela se recupere dessa vida de caserna.

segunda-feira, 13 de outubro de 2003

Minha namorada mandou fotos da Danielle Winnits. Isso sim é autruismo!!

Nossa! Esse blog ainda existe!!!

Fazia tempo que eu não vinha aqui. Quanta teia de aranha, morcego, bichos nojentos!

Estela mandou dizer que minha ausência se deu por conta de noites intermináveis de sexo selvagem. Ela deve desmentir isso porque é tímida, mas vocês nos conhecem.

Bom, vamos ao que interessa: estou em uma nova ONG. A Direito de Saber, cujo site está linkado ao lado. A proposta é corajosa: desenvolvimento social através da educação para a cidadania. Em outras palavras, a intenção é ensinar às pessoas os direitos elas têm. O conhecimento da cidadania. É tanta coisa e é tão simples que eu fico chocado como isso não nos foi ensinado na escola...

O resultado, vou contar mais tarde, quando os tiver.