terça-feira, 3 de dezembro de 2002

.:Pequena declaração pública de amor:.

Todo dia, de manhã, eu abro os olhos e olho para o meu lado. Falta alguém. Minha cama é de solteiro e, ainda assim, é vazia. Todos os dias, ao abrir os olhos, eu fico achando que vou ver outros olhos me olhando. E todos os dias, eu me lembro que não é ainda. Ainda assim, eu dou bom dia. Eu sei que acordo muito mais cedo do que ela, mas a primeira coisa que faço, quando acordo, é esperar que ela tenha um bom dia.

E passo o dia lembrando das coisas que ela gosta. Eu sou bom em conhecer o gosto dela. E já mostrei isso. Eu me interesso por isso. Se entro em uma livraria, fico vendo os livros que ela gostaria de ter. Alguns, tenho certeza de que ela não tem, mas adoraria ter. Outros, sei que ela tem e já deve ter lido algumas vezes. Livros de fotos. Vejo lugares que ela gostaria de conhecer. Outros lugares, eu gostaria de mostrar a ela. Outros, ainda, eu gostaria de conhecer com ela.

E na rua, mesmo sozinho, eu ando de mãos dadas com ela. É um pequeno prazer que eu tenho. A primeira coisa que faço quando a encontro é segurar a mão dela. Aquela mãozinha miúda dentro da minha. Se as mãos dela estão ocupadas com alguma coisa besta, tipo abrir o guarda-chuva, eu sempre acho alguma coisa para irritar, como fazer cócegas nela, de leve, até ela me entregar a mão. É um ritual gostoso de fim de tarde.

E eu a deixo em casa. Ela sempre sorri ao se despedir. Parece coisa de Richard Bach, que diz que uma despedida é necessária àquele gostinho bom do reencontro. E aquele sorriso dela me acompanha por todo o caminho até a minha casa. Depois, ele vai dormir comigo. O sorriso dela é sempre a melhor lembrança que eu tenho do meu dia.

E nos dias em que eu não a vejo, eu fico colecionando as lembranças dos outros dias. Talvez eu consiga lembrar de cada sorriso. Lembro de cada jeito. Todas as coisas que ela faz e que eu gosto. Algumas dessas coisas, ela sabe. Outras, nem faz idéia. Essas são as melhores de lembrar. Os pequenos gestos do corpo dela em relação ao meu que ela não percebe e que são tudo o que o meu corpo esperava dela. Coisas simples, como o jeito como ela encosta a cabeça no meu peito, quando deitamos.

Agora eu estou indo dormir. A chuva fez o verão se sentir um pouco mais tímido. Isso dá mais vontade de intimidade. Então, vou aproveitar e, deitado sozinho na minha enorme cama de solteiro, lembrar do peso dela no meu peito. E o cheiro do cabelo dela no meu rosto. E vou fechar os olhos sabendo que por muitos, muitos anos, ainda, vou sentir essas mesmas coisas. E não deve demorar muito até que eu abra os olhos uma manhã e diga aos olhos dela, que vão estar me vendo: "bom dia, super".

Falando em humor, hoje constatei algo impressionante. O clima tem efeito direto sobre o estado de espírito. Passei o dia mal humorado. Cara emburrada, ranzinza. A pobre da Estela teve que me aturar desse jeito.

Quando começou a chover, percebi: a pressão atmosférica estava elevada. Isso faz com que as pessoas se sintam oprimidas. O calor não ajuda. Meu mau humor vinha daí! Já melhorei bastante.

Eu adoro biologia. Fazer o que?

Ainda sobre o banho de chuva...

Voltei para casa debaixo d'água. Saltei do ônibus na UERJ e vim de lá para cá (coisa de 1,5km) caminhando. A chuva apertou. Já perto de casa, ela decidiu cair mais forte. Cheguei em casa enxarcado. Adoro isso. Nem aperto o passo. Não adiantaria de nada, mesmo. Além disso, como já disse, eu adoro um banho de chuva.

Abro a porta do corredor e entro. Duas vizinhas interrompem a conversa e ficam me olhando, perplexas com o meu estado. Fleumaticamente, eu olho para as duas e digo: "se continuar assim, deve acabar chovendo". Não preciso dizer que adoro um humor sarcástico. Uma delas percebe e responde: "e se você continuar desse jeito, vai acabar se molhando". A outra, loira, não deve ter percebido e arrematou: "mas ele já está molhado".

Ai, gente sem humor...

segunda-feira, 2 de dezembro de 2002

Preciso fazer uma confissão: eu adoro tomar banho de chuva!

domingo, 1 de dezembro de 2002

Acabei de achar algo fascinante! Faz 15 anos eu venho procurando informações sobre Amala e Kamala, as duas meninas criadas por lobos, na Índia. Não é muito fácil encontrar literatura sobre elas e material sobre crianças criadas por animais é sempre envolto numa áura mística e de pouca fidedignidade.

Aqui, na internet, vim vasculhando. Eis que, de repente, encontro um pequeno site em português com fotos! Eu pareço uma criança pequena, diante de um carrinho de controle remoto que o Papai Noel deixou na árvore...