quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003

Acerto de contas

Um dia, como todos os que lêem este blog, eu vou morrer. Já posso até me ver, sentado às portas do purgatório, esperando pelo julgamento. Só Deus sabe se eu vou para o Céu, ou para o Inferno, com o perdão do trocadilho. Dali a pouco, vai se sentar um sujeito curvado, com a roupa longa, branca e puída do meu lado. O rosto cansado se torce, enquanto ele acha espaço do meu lado. Ele traz um bloquinho na mão esquerda e uma caneta, na direita. Vai me olhar e dizer:

-Você é o Pedro, não é? Muito prazer, sou Chavachiach, seu anjo da guarda - Vou tremer ao ouvir isso. - Vamos acertar nossas contas.

Eu sei bem que a lista é longa. Teve cada uma. Só a quantidade de vezes que eu devia ter caído de abismos, pedras, cachoeiras e alturas afins nas minhas trilhas... E os assaltos? Cada coisa que me acontece. Sei que todo mundo tem história de assalto violento para contar, mas tem coisas que só acontecem comigo. Alguém aqui já enfrentou arma na cabeça e reagiu? O sujeito atirou e errou! Foi o manto do anjo que me protegeu. Ele vai me mostrar o furo que ficou no lugar.

E uma vez, lá ia eu a uma festa na casa da Carol, linkada aí do lado. Como bom convidado, levava uma caixa de cerveja e o meu violão nas costas. No bolso, o dinheiro de duas aulas, que deveria durar por toda a semana. Além desse dinheiro, alguns trocados para o ônibus. Vem o sujeito, no ponto de ônibus escuro e deserto e me pára. Mostra a arma na cintura. Não tem como fugir, mas não estou disposto a perder meu dinheiro. O que fazer? Inventar uma história:

-Rapaz, eu toco num hotel, lá na Zona Sul. Se você me esperar, na volta eu vou ter dinheiro, mas agora, só tenho o dinheiro da passagem e essa cerveja. Você quer cerveja?

-Não. Só dinheiro - ele fica nervoso.

Eu coloco a mão no bolso e rezo. Se sair uma nota graúda, minha mentira vai por água abaixo. Foi a mão do anjo que tirou aquela nota do meu bolso. Era uma nota de R$ 1,00. Ele mostra a mão. Coitado, teve que lavar com desinfetante. Essa história de que anjo não tem sexo é só história e o meu bom e velho anjo da guarda é um anjo espada. Além disso, pediu para eu não contar aos superiores que andou metendo a mão dentro de bolso de marmanjo.

Voltando à violência, eu entreguei a nota. Como ele achou pouco, pegou a caixa de cerveja, também. Eu decidi pelo blefe supremo. Dei as costas e comecei a andar. Ele gritou atrás de mim "onde você vai?"

-Vou para casa. Você pegou o único dinheiro que eu tenho e preciso ir trabalhar.

A frase que ouvi foi a menos esperada em toda a minha longa vida de habitante de uma grande capital violenta:

-Peraí. Também não é assim. Toma seu dinheiro de volta. Vai trabalhar.

Ainda descrente, peguei a nota. Foi o anjo que sussurou no ouvido do meliante. Humilhação suprema. Além de enfiar a mão no bolso alheio, fica sussurrando em ouvido de barbado. Mas eu sou abusado e não me dei por contente. Inventei que a cerveja era para o pessoal da banda. Cada semana, um tinha que levar para os outros e era meu dia no rodízio. Ele se abraçou à caixa, como se para proteger, sei lá. Eu insisti, mas regateei por levar apenas uma. Surpresa suprema: ele assentiu.

Eu devo ser, mesmo, um teste de paciência para qualquer anjo da guarda. Aliás, um teste físico, também. Será que, no fim dessa conversa, ele não vai me dizer um solene "vai para o inferno"? O céu treme e ele arremeda "não literalmente, claro..."

Tem gente reclamando do ar pederasta de um post recente. Está bem, está bem. Eu confesso, foi um surto. Mas isso passa. Apesar de eu gostar de roupas e gostar de cozinhar, isso passa.

Quanto às crônicas, por favor, paciência. Prometo uma no fim de semana, ok? Está na cabeça. É só digitar. Mas eu chego em casa com tanto sono que sinto preguiça.

Pronto! Agora podem reclamar da bahianidade.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2003

Minha namorada torceu o pé. Está de botinha. Por alguma estranha razão, ela se recusa a vestir roupas sensuais e posar de go-go girl para um pin-up.

Vou tentar melhor. Vou prometer o sucesso e dizer que vou lançar a foto na internet. Será que cola?

Nunca entndi direito essa conduta que as boas moças têm.

domingo, 16 de fevereiro de 2003

Eu esperei a chuva. Ela bem que podia ter vindo. Todo mundo sabe que gosto de chuva. Esse calorão é insensato. Não há nada que o justifique. Chego em casa e pareço ter que torcer a roupa, para secar.

Falando em roupa, a calça que eu comprei na Zara este fim de semana é maravilhosa. Sei que é gay falar de roupa no blog, mas não posso fazer nada. Fiquei parecendo aqueles sujeitos de passarela. Grande escolha da Estela.

E foi útil. Acho que foi essa roupa que fez o Quintino pegar a Juliana. Mandaram bem!!

E, para concluir, uma frase lapidar: put a finger in your ass e la vita ti sorridera. Coisas que minha família ensina, lá em Trieste...

Está bem, está bem. Sei que queremos nudez gratuita, mas essa Andrea do BBB3 é um teste de paciência. Tem dó!

Mais retoque que ela, só aquela infeliz que lançou um morteiro no goleiro peruano (ou boliviano, ou chileno, ou...) no Maracanã, uns anos atrás e saiu na Playboy.