quinta-feira, 8 de maio de 2003

Vou empreender uma nova campanha. Prometo me esforçar e não dormir na próxima vez que tentar assistir Matrix. Vai ser a quarta tentativa.

Quem sabe, faz. Ou, nas palavras de Olavo Bilac:

Delírio

Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci....

terça-feira, 6 de maio de 2003

Acabo de fazer um daqueles testes que são populares nos blogs da vida. Peguei no da Carol. Descobri que, se eu fosse um drink, seria um rusty nail. Eis a explicação: A smooth, short blend of scotch whiskey and drambuie. You're seriously cool and you love guitars, cars and the bluuuuuees, man!!

Esses quizzes são tão apurados quanto a previsão do tempo.

Levou tempo para processar. Eu devo ser complicado, mesmo!

Um breve retorno

Volto a escrever uma crônica, como alguém que volta para casa, depois de viajar. Hoje choveu muito. A perspectiva é de que continue assim. Como sabem, eu acho isso bom. Especialmente por esses dias. Estou num cliente no subúrbio, em Honório Gurgel. Tudo é cinza, meio triste. As pessoas são amarguradas. O dia cinza, naturalmente, dá cor a tudo isso.

Vou de trem. Acho a melhor forma de ir para lá. É tão poético, ao mesmo tempo tão povão. Na chuva, os trilhos refletem o cinza do céu, os dormentes se escurecem com a água e o concreto das casas, muros e qualquer outra construção totalizam a viagem monocromática. Ou não?

Cada fiapo de grama que surge entre os dormentes, cada lata de Coca-Cola largada nas britas da estrada de ferro, cada casaco azul, tudo fica realçado. Cada cor ganha vida. Os cachorros amarelentos que ficam perto da estação, os carros velhos da oficina, as plantas às margens do Rio Acari e o carro represando lixo que está dentro dele. Todas essas coisas parecem explodir em cores, quando o dia é cinza.

Eu não enxergo bem as cores. Isse deve explicar porque fico tão feliz de as ver quando o tempo fecha. Mas, ainda assim, não explica por que eu sou o único a enxergar um raio de luz que consegue atravessar as nuvens e refletir num parabrisa, fazendo com que ele vire um espelho. Não explcia por que só eu vejo uma flor brotar através do calçamento. O rosa dessa flor parece preencher meu dia inteiro. Ele se sobrepõe ao cinza. Isso eu consigo enxergar.

Eu consigo enxergar, apenas as diferenças reais entre as cores. Não vejo verde claro e verde escuro, quando sobrepostos. Só em apartado. Quando o dia é cinza, tudo fica destacado. É a vitória das cores sobre o neutro. A alegria através o langor. A sucumbência do confortável ante o feérico. O apoteótico vencendo a fleuma. O óleo sobre tela de Deus.

Talvez seja apenas meu id sobre o super-ego. Talvez seja apenas uma impressão pessoal, íntima.

... Tanto melhor.

Aos leitores que acham meus links blerg, blerg para eles. Só está linkada aqui gente que me é diretamente relacionada. São os meus melhores amigos, meus maiores interesses e a minha namorada. Não vou entrar numa de fingir que sou intelectual e colocar o blog do Salman Rushdie nos meus links. Ele não me diz nada. Por mim, pode enviar todos os versos dele para Satã e levar alguns fascínoras árabes com ele!

Só ponho no meu blog quem ou o que me interessa. Quem me diz respeito, quem eu amo e quem me ama. Se eu fosse inteligente, talvez fosse diferente. Não sou inteligente. Sou emotivo, passional. Vivo a vida, ao invés de observá-la, entendê-la, codificá-la. Ajo, ao invés de contemplar. Nem sei fazer isso.

Se alguém não gosta dos meus, não tenho nada a fazer. Nos dizeres da Rita Lee (que não está linkada aqui, mas bem que poderia), os incomodados que se incomodem!

Aos que assistem Sex & the City: eu odeio Aidan!

sexta-feira, 2 de maio de 2003

Como já observado, a nova citação foi extraída de Carmina Burana. É o meu verso favorito. Quer dizer "agora, por diversão, ofereço o dorso nu à toa raiva".

É um trecho do O Fortuna, a primeira parte da cantata. Trata de coisas mundanas, como a lascívia, a sorte, o tempo... Vale conhecer o libreto inteiro.

quarta-feira, 30 de abril de 2003

Recebi isso aqui via e-mail. Liguei para os telefones que aparecem lá no fim e me confirmaram que a fonte é segura. Ótimo que falem isso! Dá vontade de insuflar os tubarões para que, numa revolta, eles subam até o 5º andar dos prédios e ataquem as pessoas. Ou só as pessoas é que podem atacá-los em seus próprios territórios?


Nota à Imprensa

A verdade sobre os pretensos ataques de tubarão no Rio

Como biólogo marinho, especialista em peixes marinhos, e diretor do Instituto Ecológico Aqualung, me sinto na obrigação de esclarecer o que vem ocorrendo no litoral do Rio. Fatos absolutamente isolados estão sendo reunidos, de forma oportunista, para criar falsos alarmes de perigo de ataque de tubarão, gerando medo e insegurança para a população do Rio.

Fato 1 - Na 5ª feira, dia 24, um praticante de para-pente informa ao Corpo de Bombeiros ter avistado dois tubarões na praia da Barra, gerando o primeiro "alarme" sobre tubarões no litoral do Rio.

Comentários: no litoral do Rio vivem diversas espécies de tubarões há milhões de anos. Avistar alguns espécimes em uma dia com águas claras e quentes, ainda que seja uma curiosidade, não é nenhuma novidade e não representa nenhum tipo de ameaça.

Fato 2 - Na 5ª feira, dia 24, um banhista, pegando jacaré na praia de Copacabana, alega ter sido mordido por um tubarão. Sofreu cortes em dois dedos da mão direita.

Comentários: não há evidências que comprovem ter sido um ataque de tubarão. Uma mordida de tubarão não provoca "cortes" no dedo. Ataques de tubarão no Rio são muito raros e absolutamente improváveis. O último registro de ataque de tubarão em Copacabana foi em 1947 e mesmo assim foi um acidente e não um verdadeiro ataque.

Fato 3 - Na 6ª feira, dia 25, um pescador captura em Grumari, com uma rede de pesca, um tubarão da espécie ´Mako. O exemplar é mostrado ao público como um troféu e passam a relacionar sua captura com o pretenso ataque em Copacabana.

Comentários: cações e tubarões, de diversas espécies, incluindo o Mako, são capturados todos os dias pelos pescadores. Esses tubarões capturados são comercializados nas peixarias e mercados. Relacionar a captura de um tubarão Mako com o ataque de Copacabana é, no mínimo, uma irresponsabilidade. Afirmo, categoricamente, como especialista, que os dois fatos são isolados
e nada têm a ver um com o outro.

Fato 4 - No sábado, dia 26, um grupo de banhistas, na praia da Joatinga, arrastam para fora da água um tubarão e o matam a pauladas na areia. Enquanto batiam no animal, um dos banhistas foi "arranhado" pelos dentes do tubarão.

Comentários: estive no sábado no 2º G-Mar, da Barra, para onde foi levado o tubarão, inicialmente chamado de tigre, e o identifiquei como sendo da espécie mangona. Existiam vários relatos desencontrados sobre como e porque o animal apareceu na praia. No entanto, dizer que ele estava perseguindo alguém e encalhou na areia, certamente é falso. A mangona é muito comum no litoral Sudeste, porém não costuma chegar tão próximo da arrebentação, muito menos no raso. Não é uma espécie agressiva e, absolutamente, não é perigosa. Não há registros de ataque no Brasil. Essa espécie, inclusive, encontra-se em perigo de extinção.

As fotos mostrando os banhistas arrastando o tubarão pela cauda para fora da água indicam que o animal estava morimbundo, pois nenhum homem, por mais forte que seja, consegue capturar e arrastar um tubarão são (sadio e vivo) para fora da água. Mesmo ferido e quase morrendo um tubarão, ou qualquer outro animal com dentes afiados, pode ser perigoso se acuado e agredido. O arranhão sofrido por um dos banhistas demonstra isso.

Não há mudanças no meio ambiente e nem fenômenos atípicos que possam ser utilizados como argumento para o aparecimento de tubarões nas praias. A ocorrência de tubarões em nosso litoral sempre foi e continua sendo um fato muito comum. Não há nenhuma razão plausível para alertas sobre perigo de ataque.

É lamentável e muito ruim para a imagem do Rio de Janeiro termos falsas notícias sobre ataques de tubarões, que, se não esclarecidas a tempo, podem vir a provocar pânico.

Marcelo Szpilman
Diretor
Instituto Ecológico Aqualung
Rua do Russel, 300 / 401, Glória, Rio de Janeiro, RJ. 22210-010
Tels: (21) 2558-3428 ou 2558-3429 ou 2556-5030
Fax: (21) 2556-6006 ou 2556-6021
E-mail: instaqua@uol.com.br
Site: http://www.institutoaqualung.com.br

Curriculum resumido

Marcelo Szpilman - Biólogo marinho, diretor do Instituto Ecológico Aqualung, membro da Comissão Científica Nacional (COCIEN) da Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos (CBPDS), autor do Livro GUIA AQUALUNG DE PEIXES - Guia Prático de Identificação dos Peixes do Litoral Brasileiro, editado em 1991, do livro SERES MARINHOS PERIGOSOS - Guia Prático de Identificação, Prevenção e Tratamento, editado em 1998/99, do livro PEIXES MARINHOS DO BRASIL - Guia Prático de Identificação, editado em 2000/01.

terça-feira, 29 de abril de 2003

Encontrei uns arquivos antigos. Dois, para ser exato. São coisas que eu vinha escrevendo e que ficaram paradas na estante. Ou num disquete, se preferirem.

Decidi retomar o trabalho. Talvez virem dois livros. Quem sabe?

quarta-feira, 23 de abril de 2003

Bem, voltei do Sana. Ainda não sei bem por que, mas voltei. Aquilo é bom demais e o Rio anda tão violento. Na quinta-feira, um dia antes de ir, fui assaltado. Levaram relógio, celular e R$ 10,00. Quando chego de volta ao Rio, pego um táxi e a primeira coisa que o motorista diz é "bem aqui, uma hora atrás, estava rolando o maior tiroteio". Aonde essa cidade vai parar?

Bom, mas, sendo prático, perdi o celular. Se algum leitor gostava de fazer contato por ele, vai ter que suspender a prática por algum tempo. Se quiser entrar em contato, use o link ao lado. Ele direciona diretamente para o meu e-mail. É só escrever que eu respondo.

quarta-feira, 16 de abril de 2003

Vou passar a Semana Santa no Sana. Assim, nenhum leitor estranhe se eu não voltar. Corre o risco de eu virar um cogumelo e começar a brotar ao lado de uma cachoeira.

quinta-feira, 10 de abril de 2003

Eu nunca entendi o Popeye. Hoje, tava pensando nisso. Vejam bem: dois marinheiros vivem se supapando por uma mulher solteira, incapaz de se decidir entre os dois. Para ganhar força contra o Brutus, Popeye recorre ao espinafre enlatado. Americano nunca gostou de salada.

Isso tudo acontece na década de 50. Hollywood não costuma dar ponto sem nó. Que estranhos valores esses desenhos nos transmitiam!

Sendo autorizado...

Eu adoro mergulhar. Adoro estar com a cabeça embaixo d'água, vendo o movimento que acontece. É lindo ver quanta vida se passa colada a uma rocha, como o Arpoador. Mas o que mais gosto, quando mergulho, é o silêncio. Toda a vida, todas aquelas cores, todo o movimento, tudo acontece em silêncio.

Eu sou músico. Deveria gostar de sons. Mas adoro o silêncio. Existe uma intensidade e mesmo uma musicalidade quando não se ouve nada. Ele vem como um véu que cobre a cabeça e protege os pensamentos, para que fluam à vontade lá dentro. É uma ótima maneira de vermos o que temos pensado realmente.

O silêncio é o conforto de que os ouvidos precisam quando o dia chega ao fim e o coração quer bater mais devagar. É a trilha sonora ideal para o pôr-do-sol. A grande companhia para um bom livro. A condição sine qua non para um dia de chuva.

Acho lindo ver que, quando os céus se fecham, o ruído diminui. As pessoas parecem passar umas pelas outras tomando cuidado para não fazer barulho com os sapatos. Os carros não buzinam. As aves não cantam. O dia se passa em silêncio e cinza e branco. Dá ao Rio um ar de civilidade que não é comum.

O silêncio é o convite a um café no Paço Imperial. É o pedido para uma conversa. É a melhor trilha sonora para um beijo.

Escrevi essas linhas em silêncio, depois de um dia de muitos ruídos. Ele me veio como um bálsamo, uma bênção. E a minha mente pôde estar em paz. Em resumo, acho que só o silêncio é melhor que um dia de chuva. E se vierem juntos, maravilha! Parece sexo com sorvete.

PS: obrigado, Carol.

quarta-feira, 9 de abril de 2003

ALGUÉM SE INCOMODA DE COMENTAR ESTE BLOG?!?!?!?!?!

Tele-vizinhos

Ao som dramático da trilha sonora de A Casa das Sete Mulheres, ouço a voz da vizinha do quarto andar entrar pela minha janela: "a série mais bonita que eu já vi".

Por essas e outras é que eu não gasto a minha energia elétrica vendo tevê!

terça-feira, 8 de abril de 2003

Eu nunca soube exatamente por que escrevia este blog. Descobri ontem. Renata, linkada aí do lado e Espanhol, o Augusto já citado (e espero que tome vergonha na cara e crie um blog próprio) se conheceram por aqui.

Ele entrou no meu blog (calma, calma, estamos falando apenas de internet), clicou no link da Renata e trocou umas idéias com ela. Pelo visto, deu certo. Que bom!

Fico feliz por vocês. Só podiam ter tido a dignidade de me contar, né? Eu não precisava ficar sabendo pelo Maurício.

Tem dias, como hoje, que ficam suspensos. Nada parece ter acontecido de verdade. Nada parece ter se passado. Ao mesmo tempo, esses dias parecem levar anos para se encerrar. Quando se encerram, levam consigo um ar de alívio, frio e insípido, ao mesmo tempo.

São dias em que a gente vê que, muitas vezes, a parte mais fácil de uma decisão é tomá-la. Muitas vezes, executar aquilo que está decidido é o passo mais largo. Tem dias em que se aprende esse tipo de coisa.

Hoje foi um deles. O cinza do céu parecia chumbo nos meus ombros. Ainda assim, o dia passou com a certeza do dever cumprido. E eu aprendi que é esse o importante. Deve-se fazer o que deve ser feito. Não devemos nos vangloriar da conquista, nem chorar a derrota. Apenas faça o que você tem que fazer.

A madrugada e o dia seguinte estão prometendo chuva. Tomara. Vou precisar lavar os meus pensamentos, um pouco.

segunda-feira, 7 de abril de 2003

Não percam o Rio Boat Show, na Marina da Glória. Está de morrer! Só lá você pode comprar um veleiro de US$ 300 mil.

Acabei de ler no blog da Carol que ela quer escrever sobre o silêncio. Roubou a minha idéia. Eu ia começar esse tema agora.

Bom, fica para ela. Ela sempre escreve melhor que eu, mesmo... Mas o tema é bom.

A fonte é segura. Os USA realmente passaram uma lei no Congresso e as fritas francesas se tornaram fritas da liberdade. Já que o mundo anda boicotando os irmãos do norte, os irmãos do norte resolveram boicotar a França. Acho que é justo. Afinal, batata frita é um prato muito típico na França. O tradicional steak aux frites já até foi o último desejo de um oficial francês preso na Indochina. É natural que os EstadoZunidos declarem sua independência culinária. Nada mais natural.

Só fiquei intrigado com uma coisa: o beijo francês também passa a ser beijo da liberdade? Se for... Ai, se for!